Ciência
Hepatite: conheça os 7 tipos da inflamação no fígado
Segundo relatório do Ministério da Saúde, número de casos da doença diminuiu 7% na última década
5 min de leitura![Manter os exames em dia é essencial na prevenção contra hepatite (Foto: Flickr/Prefeitura de Votuporanga, SP) Manter os exames em dia é essencial na prevenção contra hepatite (Foto: Flickr/Prefeitura de Votuporanga, SP)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/FOCHQ6q2hSXgHO9oul40mwUDKgs=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/07/22/9393608537_6ba9be8764_b.jpg)
Manter os exames em dia é essencial na prevenção contra hepatite (Foto: Flickr/Prefeitura de Votuporanga, SP)
Hepatite nada mais é que a inflamação do fígado, que pode ser causada por vírus, doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Hábitos como uso excessivo de drogas, álcool e de certos medicamentos também pode abrir brecha para a doença.
No Brasil, o número total de casos caiu 7% nos últimos dez anos, de acordo com um novo relatório Ministério da Saúde. Em 2018, fora notificados 42 mil casos da doença – em 2008, eram 45 mil. Também houve diminuição de 9% no índice de mortalidade.
As notícias são boas, mas a doença ainda merece atenção: o governo estipula que 500 mil pessoas não sabem que vivem com o vírus responsável pela hepatite C. Isso porque, em boa parte dos casos, os sintomas demoram a aparecer. Quando se manifestam, o indivíduo pode apresentar cansaço, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
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O diagnóstico pode ser feito por testes rápidos ou exames laboratoriais, todos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Ministério da Saúde, detectar e tratar a inflamação em estado inicial é importante para prevenir complicações, como cirrose e câncer de fígado.
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(Foto: Boletim Epidemiológico - Hepatites Virais 2019/Ministério da Saúde)
Os tipos de hepatite
Hepatite A
O vírus causador da hepatite A está presente em alimentos e bebidas contaminadas e afeta principalmente crianças. Como é uma doença viral, não há tratamento específico – só medidas paliativas.
A vacina é a melhor forma de prevenir o problema. Ela faz parte do Programa Oficial de Vacinação oferecido pelo Ministério da Saúde, então está disponível na rede pública. Recomenda-se a aplicação em crianças maiores de 1 ano e em pessoas que convivam com quem está infectado.
Apenas 1,7% dos casos de morte por hepatite são do tipo A. Para preveni-la, a orientação é evitar o consumo de alimentos mal cozidos, não higienizados e com procedência duvidosa. Também é indicado lavar as mãos antes das refeições e beber apenas água clorada ou fervida.
Hepatite B
Dos casos de morte por hepatite reportados no Brasil, 21,3% são do tipo B, que é transmitida principalmente pelo contato com sangue contaminado. Isso pode acontecer por meio do compartilhamento de seringas, agulhas, alicates de unha, lâminas e outros materiais cortantes. Também pode ser contraída em relações sexuais, mas o maior número de casos ocorre via transmissão vertical: quando a mãe passa para o bebê durante a gravidez.
![(Foto: Boletim Epidemiológico - Hepatites Virais 2019/Ministério da Saúde) (Foto: Boletim Epidemiológico - Hepatites Virais 2019/Ministério da Saúde)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/lIG1H2hHVyMwtheY51o30sA6XqM=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/07/22/q.png)
(Foto: Boletim Epidemiológico - Hepatites Virais 2019/Ministério da Saúde)
Também pode ser prevenida pela vacinação, prevista no Calendário Nacional e aplicada ainda nas primeiras 12 horas de vida. No caso de mães que têm a doença, a amamentação pode ocorrer se a criança for vacinada corretamente.
O tratamento depende da gravidade da doença. Em casos simples, o sistema imunológico geralmente consegue combater os vírus sozinho em até 6 meses. Já para casos crônicos não há cura, mas realizar tratamento é essencial para controlar a inflamação e evitar o agravamento do cenário.
Hepatite C
A hepatite C é a forma mais letal da doença: 76% dos 70.671 brasileiros que morreram entre 2000 e 2017 de causas associadas à inflamação tinham essa versão da doença. A contaminação ocorre pelo contato com sangue, principalmente pelo compartilhamento de seringas e agulhas por usuários de drogas. Outras formas de contrair o vírus são via relações sexuais desprotegidas ou de mãe para bebê.
Segundo o Ministério da Saúde, a chance de cura é de 90% se o tratamento for seguido corretamente. O Brasil tem a meta de eliminar a hepatite C do país até 2030 e, para isso, o SUS ofereceu 100 mil medicamentos para tratar a doença só nos últimos 3 anos. Ainda de acordo com a pasta, as medicações e o suporte psicológico estão disponíveis para pacientes em qualquer estágio da doença, independentemente do dano no fígado.
Hepatite D
Para sobreviver no corpo humano, o vírus responsável pela hepatite D precisa que o microrganismo causador do tipo B da doença esteja presente. Sendo assim, sua ocorrência é menor: é responsável por 1,1% dos óbitos pela enfermidade.
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(Foto: Boletim Epidemiológico - Hepatites Virais 2019/Ministério da Saúde)
Por conta dessa relação, o problema também pode ser prevenido pela vacinação contra a hepatite B, prevista no Calendário Nacional. O contágio também se dá por relações sexuais e contato com sangue infectado.
Hepatite E
A modalidade é rara no Brasil e mais comum na Ásia e na África, por isso quem viaja para esses locais deve ter cuidado extra com os produtos consumidos. O vírus afeta quem ingere alimentos e bebidas contaminados com o microrganismo.
A inflamação costuma ser leve e de curta duração e não requer nenhum tratamento. Quadros mais graves podem aparecer em pacientes com sistema imunológico enfraquecido, como em mulheres grávidas.
Hepatite alcoólica
A hepatite alcoólica é causada pelo consumo excessivo de álcool durante muitos anos. Geralmente não causa nenhum sintoma até atingir graus mais severos. Em algumas pessoas se manifesta por meio de icterícia (pele e olhos amarelados) e insuficiência hepática.
![Hepatite alcoólica evidenciada por alterações celulares (Foto: Wikimedia Commons) Hepatite alcoólica evidenciada por alterações celulares (Foto: Wikimedia Commons)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/EPm9Ftf7w5m1eoVRYhVh8AKu3-8=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/07/22/alcoholic_hepatitis.jpg)
Hepatite alcoólica evidenciada por alterações celulares (Foto: Wikimedia Commons)
Também é considerada a primeira fase da doença hepática alcoólica, que resulta em acúmulo de gordura no fígado e, em estágios mais avançados, pode levar à cirrose.
Parar de beber em excesso permite que o órgão de um ex-alcoólatra eventualmente se recupere. Entidades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio ministério brasileiro, recomendam que o consumo de álcool não ultrapasse 14 unidades por semana para mulheres e 21 para homens. Vale lembrar que 1 lata de cerveja equivale a 1,7 dessas unidades; 1 cálice de vinho a 1,1; e 1 dose de destilado a 2 unidades. Neste site, é possível saber mais sobre esses números.
Hepatite autoimune
Essa inflamação ocorre quando o sistema imunológico se volta contra as células do fígado. A causa exata da doença não é clara, mas fatores genéticos e ambientais parecem contribuir para seu desencadeamento.
Eventualmente, o fígado pode ficar tão danificado que deixa de funcionar adequadamente e um transplante é necessário. Contudo, tratamentos que controlam o sistema imunológico e reduzem a inflamação têm se mostrado bem-sucedidos e uma boa alternativa para alguns casos.
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