• Redação Galileu
Atualizado em
Uvas pegam fogo dentro de micro-ondas (Foto: Khattak et al., PNAS, 2019)

Uvas pegam fogo dentro de micro-ondas (Foto: Khattak et al., PNAS, 2019)

Um dos vídeos mais intrigantes da internet mostra uma uva, cortada ao meio, pegando fogo dentro de um micro-ondas. Agora, três físicos apresentam uma pesquisa para explicar por que isso acontece. 

O novo artigo, publicado no periódico PNAS, é o primeiro estudo revisado sobre o tema. Os resultados sugerem que a teoria mais popular – que as uvas criam plasma porque a energia no micro-ondas carrega eletrólitos com muita água – está incorreta. Essa hipótese apontava que era criado um fluxo de energia entre os pedaços de fruta, ou seja: uma ponte de força viajava através da casca, como um fio elétrico. Quando se acumulava energia suficiente, o plasma – gás ionizado que emite luz – era gerado entre as uvas. 

Na nova análise, os físicos abriram um furo nessa explicação antiga. Acontece que a ponte não é necessária: enquanto as uvas não estavam separadas por mais de três milímetros, os pesquisadores registraram uma erupção similar de plasma. E nem mesmo a casca da fruta, que supostamente carregava toda essa energia, é indispensável para o fenômeno reluzente: quando a fruta foi substituída por duas esferas de hidrogel sem pele, os cientistas registraram o mesmo tipo de faíscas, como é possível ver no vídeo abaixo: 

Na verdade, isso aconteceria com praticamente qualquer substituição esférica, contanto que fosse aguada. Os físicos replicaram as faíscas de plasma usando groselhas, amoras e até ovos de codorna. "Observar um pedaço de fruta explodir em chamas no micro-ondas é emocionante e memorável", eles escreveram. "Consequentemente, muita atenção se concentrou no plasma e não na fonte da fagulha."

Leia também:
+ Vídeo mostra larvas devorando uma pizza em apenas duas horas
+ Nova Inteligência Artificial é tão avançada que cientistas a consideram perigosa

Combinando imagens térmicas com simulações de computador, a nova pesquisa concentrou a atenção no que os olhos humanos não podem observar. As descobertas revelaram que quando duas uvas inteiras estão próximas no micro-ondas, cria-se um tipo de vínculo que, por sua vez, resulta em um ponto de energia onde elas se ligam. No momento em que isso acontece, os pesquisadores podem registrar as maiores temperaturas e distribuições energéticas. 

Análise de temperatura das uvas no micro-ondas (Foto: Khattak et al., PNAS, 2019)

Análise de temperatura das uvas no micro-ondas (Foto: Khattak et al., PNAS, 2019)

Isso significa que a energia do micro-ondas não se acumula dentro da uva, mas é direcionada de ambos pedaços para o mesmo local, formando um campo eletromagnético entre eles. 

Como esse ponto eletromagnético se baseia em energia, ele sobrecarrega os eletrólitos próximos, o que faz com que um jato de plasma atinja o ar. "A absorção de micro-ondas pela água serve para suprimir mecanismos internos e permitir que pontos quentes se formem em uma faixa", explicaram os cientistas. 

Curte o conteúdo da GALILEU? Tem mais de onde ele veio: baixe o app Globo Mais para ler reportagens exclusivas e ficar por dentro de todas as publicações da Editora Globo. Você também pode assinar a revista, a partir de R$ 4,90, e ter acesso às nossas edições.