• Marilia Marisciulo, de Los Angeles
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje que o país sairá do Acordo de Paris (Foto: WikiCommons)

Paralisação no governo dos EUA ocorre porque Donald Trump quer que construção de muro com México seja incluída no orçamento do país (Foto: WikiCommons)

Pela segunda vez desde a eleição de Donald Trump, o governo dos Estados Unidos está paralisado — desta vez, há um mês, desde o dia 22 de dezembro de 2018, ultrapassando o recorde anterior de 21 dias entre 1995 e 1996, durante a gestão de Bill Clinton.

O governo norte-americano paralisa quando o Congresso ou o presidente não aprovam o orçamento federal. Sem previsão de despesas, os serviços e atividades são congelados até que os gastos sejam aprovados.

No caso específico da paralisação atual, isso ocorreu porque Trump se recusa a aprovar o orçamento, que não inclui US$ 5,7 bilhões para a construção do muro na fronteira com o México. Ao todo, 800 mil funcionários públicos, ou 25% do governo federal, estão sem receber salário, e setores considerados não essenciais estão sem funcionar. A ciência é um deles. Entenda como ela foi afetada:

Sem recursos, agências federais estão fechadas
A Agência de Proteção Ambiental, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, o Ministério da Agricultura e a NASA estão paralisadas. A agência espacial norte-americana, por exemplo, teve que interromper a pesquisa IceBridge, que monitora o derretimento das calotas de gelo nos polos. Sem a coleta dos dados, não será possível calibrar os resultados para um novo satélite de monitoramento que deveria entrar em operação.

O telescópio Hubble também não escapou ileso: sua principal câmera parou de funcionar há semanas e só agora pôde ser consertado.

Telescópio Espacial Hubble da NASA (Foto: Pixabay/Andrew-Art/Creative Commons)

Telescópio Espacial Hubble da NASA (Foto: Pixabay/Andrew-Art/Creative Commons)

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Alguns parques nacionais também estão fechados
Dos 737 parques, ao menos 389 foram fechados, a maioria por causa da paralisação do governo. O site do Serviço Nacional de Parques também não está atualizado, o que significa que mais parques podem ter fechado desde o início da paralisação e não tiveram suas condições atuais reportadas. Entre eles, o Zion, Yellowstone e algumas áreas de Yosemite. Isso significa que nem pesquisadores, como biólogos ou ecologistas, podem acessar as áreas para dar continuidade às pesquisas.

No Parque Nacional de Yellowstone, no estado americano de Wyoming, está o Grand Prismatic Spring, o maior lago de águas termais dos Estados Unidos. Como pode ser visto na imagem, o que mais chama a atenção dos turistas é a variação de cores da paisagem. (Foto: Reprodução)

No Parque Nacional de Yellowstone, no estado americano de Wyoming, está o Grand Prismatic Spring, o maior lago de águas termais dos Estados Unidos. Como pode ser visto na imagem, o que mais chama a atenção dos turistas é a variação de cores da paisagem. (Foto: Reprodução)

Efeito cascata
Além das áreas afetadas diretamente, há um efeito cascata da paralisação em outros setores em pesquisas. Como, por exemplo, nas que dependem de dados oficiais que não estão sendo divulgados ou cujo acesso depende da aprovação de funcionários que não estão trabalhando. Há também incerteza em relação à continuidade de financiamento, e alguns pesquisadores e cientistas interromperam seus trabalhos enquanto esperam uma posição oficial do governo.

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