• Redação Galileu
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Uma parte da lama que se encontra no San Andreas Fault (Foto: David Monniaux/Wikimedia Commons)

Uma parte da lama que se encontra no San Andreas Fault (Foto: David Monniaux/Wikimedia Commons)

O  San Andreas Fault (Falha de Santo André, em tradução livre) tem preocupado cientistas norte-americanos: trata-se uma falha geológica tangencial onde as placas tectônicas da América do Norte e do Pacífico se encontram. Neste caso em específico, o local abriga uma fonte barrenta que misteriosamente começou a se mover em um ritmo mais rápido através da terra seca da Califórnia.

Os pesquisadores estão cientes desse "pote de barro", como é conhecida a característica geotérmica, desde os anos 1950.  Mas a lama começou a se mover e, nos últimos seis meses, pegou velocidade suficiente para começar a representar uma ameaça para a infraestrutura humana.

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Há muito tempo sismólogos temiam que o local fosse o epicentro de um terremoto. O geofísico Ken Hudnut do Serviço Geológico dos Estados Unidos discorda. “Não há evidências de que isso seja um precursor imediato de um grande terremoto”, disse em entrevista ao Los Angeles Times.

Hudnut e outros especialistas enfatizam que o movimento não é atividade sísmica e sim o resultado da atividade histórica de um terremoto que causou rachaduras, permitindo que os gases produzidos no subsolo atingissem a superfície da Terra.

A maior preocupação é a de que o evento poderia se tornar destrutivo de outras maneiras. A lama está caminhando para uma região perigosa no momento: em seu caminho estão os trilhos da Union Pacific, que conectam o Inland Empire a Yuma, Arizona; um oleoduto de petróleo da Kinder Morgan, uma das maiores empresas de energia da América do Norte; um trecho de linhas de telecomunicações de fibra óptica de propriedade da Verizon; e uma parte da Highway 111, uma importante rodovia que liga a Interstate 10 no Coachella Valley à fronteira Califórnia-México.

"É um desastre lento", afirmou Alfredo Estrada, chefe dos bombeiros e coordenador de serviços de emergência do condado de Imperial Reyes-Velarde e Lin. O condado imperial do município de Niland declarou estado de emergência no meio do ano. Para evitar danos maiores, a Union Pacific construiu uma parede de 30 metros de grandes rochas e aço com mais de 25 metros de profundidade na Terra, em um esforço para proteger a ferrovia. A lama, por sua vez, se esgueirou por baixo da barreira.

Por conta da presença de sulfeto de hidrogênio, o odor da lama se assemelha a ovos podres e desagrada a quem passa pela área. De acordo com a revista National Geographic, é possível que o pote de barro esteja sendo extraído de um reservatório cheio de água de escoamento agrícola, o que favorece a proliferação de algas. Quando as algas morrem, as bactérias que se alimentam delas produzem sulfeto de hidrogênio.

Na última década, a lama se moveu por mais de 73 metros. Por isso, a Union Pacific foi forçada a construir pistas temporárias para evitar a circulação de trens por terrenos afetados pelo possível desastre. Os veículos, que ainda circulam pelo local, estão se movendo mais devagar pela área. É preciso considerar soluções mais permanentes para a ferrovia, incluindo a construção de uma ponte para contornar áreas potencialmente instáveis, ponderou um porta-voz da companhia.

O Departamento de Transportes da Califórnia, Caltrans, também está preparado para fechar uma parte da rodovia 111 se a fonte de lama se aproximar da estrada e já planejou uma série de desvios.

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