• Redação Galileu
Atualizado em
Geralmente as doutorandas são as únicas da sala (Foto: Pxhere/Creative Commons)

Geralmente as doutorandas são as únicas da sala (Foto: Pxhere/Creative Commons)

Uma nova pesquisa indicou que muitas mulheres que fazem doutorado nas áreas de STEM  – ciência, tecnologia, engenharia e matemática – são as únicas da sala. Nesse cenário, a probabilidade das alunas completaram os estudos diminui 12%, em comparação com os homens. Contudo, para cada 10% a mais de mulheres em uma classe, a diferença de gênero reduz em mais de 2% o índice de desistência. 

"Tem sido quase impossível quantificar o ambiente para as mulheres em áreas STEM, que são dominadas por homens", disse Valerie Bostwick, co-autora do estudo e pós-doutoranda em Economia na Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos. "O que descobrimos sugere que, se houver poucas ou nenhuma outra mulher em uma turma, isso pode dificultar a conclusão do curso por uma estudante."

Publicada na revista National Bureau of Economic Research, a análise utilizou registros de todas as universidades públicas de Ohio com dados do projeto UMETRICS, que fornece informações sobre estudantes ajudados por verbas federais de pesquisa – e que aponta quantos alunos desistiram das aulas. "A maioria dos dados é baseada em estudantes que se formam. Isso torna impossível descobrir por que os alunos desistem", comentou Bostwick.

Este novo estudo examinou 2.541 estudantes matriculados em 33 programas de pós-graduação em seis universidades públicas de Ohio entre 2005 e 2016.

No geral, a média das classes incluía 17 estudantes, sendo que 38% eram do gênero feminino. Mas os registros apresentaram grande variação no tamanho das turmas e na porcentagem de alunas.

Os pesquisadores separaram os cursos de acordo com o gênero: programas de doutorado que tinham muitos homens, como engenharia química, ciência da computação e física, apresentavam menos de 38,5% de mulheres. Nesses casos, o número médio de alunas que ingressaram em uma turma foi inferior a 5. A pesquisa também apontou que, se uma mulher ingressa em uma sala com mais homens nestes cursos, ela tem 7% menos chances de se formar.

Leia também: 
+ Sofrer um assédio sexual pode afetar as mulheres por décadas, diz estudo
+ Faltam banheiros adequados para as mulheres no mundo, diz pesquisa

Calouras
A desistência das alunas acontece, principalmente, no primeiro ano. As alunas que eram as únicas em alguma turma tinham 10% a mais de chances de desistir quando ainda eram calouras. 

Para os pesquisadores, poderiam haver duas explicações para isso: financiamento e notas de pesquisa. O estudo, não encontrou diferenças no financiamento para homens e mulheres.

Os resultados mostraram que as mulheres tinham notas mais baixas que os homens quando estavam em classes dominadas por eles. As alunas que ingressaram em uma turma sem nenhuma outra mulher tinham notas 0,11% mais baixas.

"Isso não era suficiente. Estimamos que as notas não poderiam explicar mais de um quarto da diferença do número de mulheres e homens que se formam", afirmou Bostwick. Por isso, ela sugere que a razão das desistências pode ser um fator difícil de ser calculado: o ambiente que as mulheres enfrentam nas aulas. 

"Só podemos especular sobre o que é o convívio que está tornando mais difícil para elas", disse Bostwick. "Pode ser difícil sentir que você pertence a um lugar quando você não vê outras mulheres ao seu redor. Pode haver discriminação sutil. Nós não sabemos. Mas destacamos que as alunas precisam de apoio, especialmente se elas são as únicas a entrar em uma aula de doutorado. Elas precisam saber sobre os recursos que poderiam ajudá-las, especialmente no primeiro ano."

Curte o conteúdo da GALILEU? Tem mais de onde ele veio: baixe o app Globo Mais para ler reportagens exclusivas e ficar por dentro de todas as publicações da Editora Globo. Você também pode assinar a revista, a partir de R$ 4,90, e ter acesso às nossas edições.