• Redação Galileu
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Avião da Força Aérea do Reino Unido ataca inimigo (Foto: Wikimedia Commons)

Avião da Força Aérea do Reino Unido ataca inimigo (Foto: Wikimedia Commons)

Literalmente, o horror da guerra parece não ter limites: as operações de bombardeios aéreos que ocorreram durante Segunda Guerra Mundial foram tão intensas que alteraram parte da atmosfera terrestre. De acordo com uma pesquisa recente, ondas de choque causadas pelo impacto das bombas enfraqueceram a ionosfera — localizada entre 60 e 1 mil quilômetros de altitude, é responsável por conter parte da radiação solar que atinge a superfície do planeta. 

Além de sua importância vital para a manutenção da vida terrestre, a ionosfera é a região por onde se refletem as ondas do rádio, dos sistemas de GPS e de radares. Isso acontece por conta de suas propriedades físico-químicos: na ionofesera há uma grande quantidade de movimentação de elétrons por conta da interação com a radiação solar, beneficiando a propagação de ondas eletromagnéticas.

No caso das ondas de choque provocadas pelos bombardeios, que em muitos casos liberavam uma energia equivalente a 300 descargas elétricas causadas por um raio, a configuração da eletrificação da ionosfera foi parcialmente enfraquecida durante um período de tempo. 

Nos meses finais do conflito global, a Alemanha foi pesadamente bombardeada pelas Forças Aliadas lideradas por Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido. Em 1945, a cidade de Dresden sofreu um ataque aéreo que causou a morte de mais de 25 mil pessoas, sendo a maioria civis. Quase 4 mil toneladas de bombas foram despejadas pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido.

Aviões bombardeios abrigavam milhares de artefatos explosivos (Foto: Wikimedia Commons)

Aviões bombardeios abrigavam milhares de artefatos explosivos (Foto: Wikimedia Commons)

Para realizar o trabalho, os cientistas enviaram pulsos de rádio para o céu e analisaram a composição da ionosfera ao longo do tempo. Foi possível descobrir que a concentração de elétrons caiu durante a primeira metade da década de 1940, durante os bombardeios provocados pelas Forças Aliadas. 

Durante a guerra, os pilotos relatavam que não era incomum ter seus aviões danificados por ondas de choque após os bombardeios, mesmo voando em uma altura considerada segura pelos militares. Os sobreviventes dos ataques aéreos também relataram que eram "jogadas no ar" pelas ondas de energia causadas após uma bomba atingir um alvo. 

Para os cientistas, essa análise ajuda a entender como fenômenos naturais de grande intensidade, como a erupção de um vulcão, podem afetar as características da ionosfera terrestre. Além é claro, do alerta óbvio para que tais tragédias provocadas pela humanidade não voltem a se repetir. 

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