• Redação Galileu
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Crânio apresenta evidências de que um instrumento pontudo matou o indivíduo, que devia ter cerca de 16 e 20 anos.  (Foto: Zuhal Özel; Antiquity 2018)

Crânio apresenta evidências de que um instrumento pontudo matou o indivíduo, que devia ter cerca de 16 e 20 anos. (Foto: Zuhal Özel; Antiquity 2018)

Arqueólogos do sítio de Basur Höyük, no sudeste da Turquia, encontraram oito sacrifícios humanos na tumba de dois jovens de alto status da antiga Mesopotâmia, que também foram enterrados juntos a centenas de pontas de lança criadas em bronze. Os jovens, uma garota e um garoto, morreram há 5 mil anos e deviam ter cerca de 12 anos de idade.

Segundo os pesquisadores, seis das oito vítimas também eram jovens e apresentavam idades entre 11 e 20 anos. Elas foram depositadas fora da tumba, durante o enterro dos mortos mais ricos. O local também foi decorado com uma série de bens da alta sociedade mesopotâmica, sem precedentes para a época e região em que viviam.

Além disso, foi encontrado um corpo adulto ao lado dos dois jovens de elite. Os arqueólogos, no entanto, acreditam que este tenha sido enterrado alguns anos antes do par de adolescentes e dos oito sacrifícios terem acontecido.

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Dos oito corpos encontrados, apenas dois esqueletos têm os traumas da violência preservados. “É importante lembrar que morte violenta nem sempre deixa uma marca no esqueleto”, explicou à Live Science Brenna Hassett, pesquisadora de pós-doutorado do Museu de História Natural em Londres e coautora do estudo publicado no periódico Antiquity. “Feridas de facadas, por exemplo, normalmente são feitas em partes mais macias do corpo, que não se preservam.”

Pontas de lança feitas de bronze encontradas no sítio de Basur Höyük (Foto: Photograph by permission of the Basur Höyük Research Project; Antiquity 2018)

Pontas de lança feitas de bronze encontradas no sítio de Basur Höyük (Foto: Photograph by permission of the Basur Höyük Research Project; Antiquity 2018)

Por isso, os pesquisadore se basearam na posição em que os corpos foram deixados — para fora da porta da câmara principal — para afirmar que a morte deles se tratou de um sacrifício "redentor". Em outras palavras, isso significa que as pessoas sacrificadas provavelmente eram servas dos dois jovens da alta sociedade e foram mortas para que acompanhassem seus senhores na vida após a morte.

Ainda por causa da precária preservação dos esqueletos, os arqueólogos não sabem dizer se o par de jovens ricos também foi vítima de um sacríficio. A única informação que parece estar bem clara sobre eles que é que, muito provavelmente, tinham um status social importante na região.

Outros sacrifícios humanos já haviam sido encontrados em outros sítios arqueológicos que datam da mesma época, como o Arslantepe, próximo aos Montes Tauro, na Turquia.

“Talvez, o que nós estajamos vendo seja uma demonstração de poder de uma sociedade hierárquica crescente; o poder de dispor de uma grande riqueza — e até de pessoas — pode ser a mesma forma de poder que você precisa mostrar para construir uma sociedade parecida a um estado”, afirma Hassett. “É um enigma verdadeiramente fascinante que nos dirá mais sobre como sociedades humanas se formaram e mudaram.”

Para conseguir encontrar mais respostas para a dramática cena encontrada, os pesquisadores estão dispostos a fazer novos estudos, dessa vez, com análises de isótopos e DNA.

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