• Felipe Floresti
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 (Foto: Creative Commons / FotoshopTofs )

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O ano de 2016 marcou um recorde no número de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Foram cerca de 2 milhões de casos de dengue, Zika e chikungunya no país, resultando em um prejuízo para a economia de, pelo menos, R$ 2,3 bilhões, de acordo com um estudo realizado pela consultoria especializada em saúde, Sense Company.

Foram gastos R$ 1,47 bilhões somente para o combate aos mosquitos, como na compra de larvicidas e pesticidas. Outros R$ 374 milhões foram utilizados para custear diagnóstico e tratamento aos doentes. Já outros R$ 431 milhões foram considerados custos indiretos, com base em estimativas, por exemplo, do número de dias que as pessoas afetadas tiveram que se afastar do trabalho.

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Apesar de ser o primeiro levantamento do tipo já feito no país, os próprios autores do estudo indicam que os valores podem ser ainda maiores. Isso porque adotaram uma metodologia conservadora, deixando de lado gastos de longo prazo, como o tratamento da síndrome congênita do vírus Zika, que pode provocar microcefalia.

“Também deixamos de fora as subnotificações. Não existem muitos dados sobre o tema, mas uma pesquisa em Minas Gerais mostrou que para cada caso de dengue registrado, existem outras três pessoas doentes”, conta a pesquisadora Vanessa Teich, que liderou o estudo. “Se for assim no Brasil todo, o número poderia superar os R$ 4 bilhões”.

Mesmo assim, o valor levantado pelo estudo, que é considerado o mínimo possível, é o equivalente a 2% do total do orçamento do governo federal para a saúde. “Pode parecer pouco, mas se você leva em conta que é um gasto permanente, todo ano combatendo o mosquito, você percebe que é um valor alto”, diz Vanessa.

Números históricos das arboviroses no Brasil (Foto: Divulgação / Oxitec)

Números históricos das arboviroses no Brasil (Foto: Divulgação / Oxitec)


Desde 1901 o Brasil tenta combater o vírus. Embora 2017 tenha registrado um número baixo de casos, com menos de 500 mil registros, está longe de dizer que o problema está caminhando para uma solução. “É um número enganoso. A doença tem altos e baixos, mas vemos que quando os picos acontecem, apresentam recordes históricos. Isso deixa claro que a abordagem é insuficiente”, afirma Vanessa. Se 2016 marcou o recorde das arboviroses  —doenças transmitidas por artrópodes, como os mosquitos —, 2015 registrou o maior número de casos de dengue já na história, com 1,6 milhões de episódios.

“Não tenho uma resposta pronta indicando um caminho para seguir, mas com base no estudo podemos fazer uma discussão com propostas a longo prazo”, diz. Por exemplo, no lugar de apostar no uso descontrolado de pesticidas, que causa danos ao meio ambiente além de não resolver o problema de forma definitiva, seria mais eficiente investir em saneamento básico, o que evitaria a proliferação do mosquito.

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