• Redação Galileu
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Segundo os cientistas, as enguias são mais complexas do que se imaginava (Foto: Reprodução)

Segundo os cientistas, as enguias são mais complexas do que se imaginava (Foto: Reprodução)

Muito comum na América do Sul e na região norte do Brasil, a enguia (Electrophorus electricus) é conhecida na Bacia Amazônica como poraquê – em tupi a expressão significa “aquele que coloca pra dormir”. Esse nome vem da característica mais famosa do animal: soltar descargas elétricas como estratégia de caça. Mas, ao contrário do que o nome sugere, a razão de ser dessa eletricidade não é matar a presa, mas sim tirar o controle que ela tem sobre os próprios músculos, ficando impossibilitada de fugir. Mas, ao que tudo indica, há outra razão de ser para esse recurso digno de história em quadrinhos.

O cientista Kenneth Catania, da Vanderbilt Univeristy, dos EUA, realizou experimentos que sugerem que a enguia utiliza a eletricidade também para localizar o alimento. Como o animal costuma viver próximo ao fundo dos rios, aonde a água é mais lamacenta e a visibilidade mais baixa, essa hipótese faz sentido desde a largada, mas precisava ser testada. 

No primeiro teste, o pesquisador colocou uma enguia, um peixe morto no mesmo aquário e soltou uma descarga elétrica. Como não havia a presença de um condutor, o poraquê abortou o ataque e ignorou a presa. Quando uma haste de carbono foi adicionada ao sistema, assim que a corrente elétrica foi disparada, a enguia partiu pra cima e abocanhou a haste.

Na segunda fase do experimento uma roda com cerca de 20 pequenos objetos girando em alta velocidade foi colocada no aquário. Apenas um desses itens era condutor de energia e quando a descarga elétrica foi liberada a enguia não titubeou ao atacar justamente esse objeto, apesar da extrema rapidez com que a cena toda se desenrolou. Confira o vídeo abaixo. 

De acordo com o estudo, que foi publicado na Nature, a velocidade, a precisão dessa propriedade das enguias é similar ao expediente usado pelos morcegos para rastrear insetos. 

Via phys.org