• Redação Galileu
Atualizado em
Imagem do Aedes aegypti, mosquito transmissor da Dengue e Zika (Foto: pixabay - FotoshopTofs )

Imagem do Aedes aegypti, mosquito transmissor da Dengue e Zika (Foto: pixabay - FotoshopTofs )

A pandemia do coronavírus provou que métodos de detecção rápidos, simples e acessíveis são essenciais para identificar patógenos virais e controlar a disseminação de doenças infecciosas. Cientistas da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, acreditam que a mesma lógica pode ser aplicada ao zika. Em estudo publicado no periódico The Analyst, eles descrevem um instrumento que, conectado ao smartphone, pode detectar a presença do vírus no sangue de forma rápida e acessível.

O vírus circula por 87 países, e sua principal forma de transmissão é pelos mosquitos Aedes aegyptis. Na maioria das vezes, adultos infectados ficam assintomáticos, exceto no caso de mulheres no início da gravidez, quando a doença pode causar a microcefalia nos recém-nascidos.

No novo estudo, os pesquisadores da universidade norte-americana usam a amplificação isotérmica mediada por laço (LAMP, na sigla em inglês) para detectar o vírus em amostras de sangue. Acredita-se que esta seria uma abordagem acessível para clínicas: enquanto o exame de reação em cadeia da polimerase (conhecido como PCR), o mais usado para esse tipo de detecção, exige que ocorram entre 20 e 40 mudanças de temperatura para amplificar o material, o LAMP só precisa da temperatura de 65ºC, o que o torna mais fácil de controlar.

Como os testes PCR também são sensíveis a contaminadores, principalmente outros componentes na amostra de sangue, eles passam por um processo de purificação antes de serem usados. O teste LAMP não precisa desse passo. 

Novo procedimento

O aparelho criado pelos cientistas é uma espécie de cartucho contendo os reagentes necessários para detecção do vírus. Ele seria inserido num recipiente conectado a um smartphone. O paciente fornece uma gota de sangue que fará os compostos abrirem os vírus e as células sanguíneas em cinco minutos. Quando o aquecedor do cartucho chegar a 65ºC, uma nova leva de compostos amplificam o material genético, ativando um líquido verde fluorescente dentro do cartucho caso a amostra de sangue de fato contiver o vírus zika. O processo todo duraria cerca de 25 minutos.

"Outro aspecto legal é que estamos fazendo a leitura com um smartphone", explicou Brian Cunningham, engenheiro elétrico envolvido no estudo, em comunicado. "Desenvolvemos um aparelho que pode ser conectado ao smartphone, desta forma, a câmera está olhando para o cartucho enquanto a amplificação ocorre. Quando há uma reação positiva, você vê uma luz verde preenchendo todo o cartucho."

Os cientistas que desenvolveram o aparelho. Nas mãos das mulheres à frente estão o aparelho (à esquerda) e o cartucho (à direita) (Foto: Divulgação/Carl R. Woese Institute for Genomic Biology, University of Illinois at Urbana-Champaign)

Os cientistas que desenvolveram o aparelho. Nas mãos das mulheres à frente estão o aparelho (à esquerda) e o cartucho (à direita) (Foto: Divulgação/Carl R. Woese Institute for Genomic Biology, University of Illinois at Urbana-Champaign)

A equipe de pesquisadores agora está desenvolvendo aparelhos parecidos para detectar vários vírus transmitidos por mosquitos de uma vez só, e buscando formas de diminuir o tamanho da invenção. "Apesar de nosso detector ser pequeno, muito espaço é tomado pelas baterias. Na próxima versão, será carregado pela bateria do telefone", disse Cunningham.