• Redação Galileu
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1 a cada 500 homens têm cromossomo X ou Y extra, conforme estudo feito no Reino Unido  (Foto:  Zappys Technology Solutions/Flickr )

1 a cada 500 homens têm cromossomo X ou Y extra, conforme estudo feito no Reino Unido (Foto: Zappys Technology Solutions/Flickr )

Em pesquisa feita no Reino Unido, cientistas descobriram que um a cada 500 homens têm um cromossomo sexual X ou Y extra. Embora a maioria não saiba que tem a condição, ela os coloca em maior risco de desenvolver doenças como diabetes tipo 2, aterosclerose (placas de gordura nos vasos sanguíneos) e trombose.

Os resultados do estudo, conduzido por pesquisadores das universidades de Cambridge e Exeter, foram publicados na última quinta-feira (9) no jornal Genetics in Medicine. Os pesquisadores analisaram dados genéticos de uma amostra proveniente do banco UK Biobank contendo informações sobre mais de 200 mil homens no Reino Unido com idades entre 40 e 70 anos.

Dos indivíduos avaliados na pesquisa, 213 apresentavam um cromossomo X extra e 143 tinham um cromossomo Y a mais. Como os participantes do UK Biobank tendem a ser "mais saudáveis" do que a população em geral, os pesquisadores estimam que cerca de um em cada 500 homens possa ter um cromossomo X ou Y a mais. 

Aqueles com um cromossomo Y extra tendem a ser mais altos quando meninos e adultos, mas não têm outras características físicas distintas. Ao compararem os dados genéticos com registros de saúde de rotina, os especialistas notaram, por outro lado, que os homens com XXY têm maior probabilidade de problemas reprodutivos.

Além disso, eles têm um risco três vezes maior de atraso na puberdade e quatro vezes superior de não poderem ter filhos. Homens com um X extra também sofrem com concentrações sanguíneas significativamente mais baixas do hormônio masculino testosterona.

Ainda segundo a pesquisa, todos aqueles com um cromossomo extra — seja X ou Y — são mais suscetíveis a uma série de doenças. Neles, a probabilidade de diabetes tipo 2 é três vezes maior; a de trombose venosa, seis vezes maior; a de embolia pulmonar, três vezes maior; e a de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), quatro vezes maior.

“Esse cromossomo extra significa que eles têm riscos substancialmente maiores de várias doenças metabólicas, vasculares e respiratórias comuns – doenças que podem ser evitáveis”, salienta Yajie Zhao, primeiro autor do estudo, em comunicado. Para os pesquisadores, contudo, ainda não está claro o porquê de um cromossomo a mais aumentar o risco dessas encrencas. 

Outro problema é que só a minoria dos homens avaliados teve um diagnóstico de anormalidade dos cromossomos sexuais nos registros médicos ou por autorrelato. Para Ken Ong, autor sênior do estudo, mais pesquisas são necessárias para “avaliar se há valor adicional" em fazer uma triagem mais ampla desses casos.

“Os testes genéticos podem detectar anormalidades cromossômicas com bastante facilidade”, diz Ong. “Por isso pode ser útil se XXY e XYY forem testados mais amplamente em homens que se apresentam ao médico com um problema de saúde relevante”.