• Redação Galileu
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Modelo 3D da partícula do vírus Sars-CoV-2 (Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID))

Modelo 3D da partícula do vírus Sars-CoV-2 (Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID))

Pessoas que entraram em contato com coronavírus inofensivos podem adquirir também algum nível de proteção contra o vírus Sars-CoV-2. A conclusão é de um novo estudo publicado na última quinta-feira (18), na revista Nature Communications.

Segundo a equipe responsável pela pesquisa, que inclui especialistas da Universidade de Zurique, na Suíça, a infecção por outros coronavírus pode gerar uma resposta capaz de aumentar a produção de anticorpos contra o causador da Covid-19.

Para constatarem isso, os cientistas analisaram os anticorpos contra quatro coronavírus em 825 amostras de soro sanguíneo de voluntários, antes deles serem infectados pelo Sars-CoV-2. Em seguida, a equipe também examinou 389 coletas de doadores de sangue que contraíram o vírus da Covid-19. Por último, eles combinaram todas as suas análises com modelos de computador.

Assim, os pesquisadores perceberam que pacientes com níveis elevados de anticorpos contra coronavírus inofensivos tinham menor probabilidade de serem hospitalizados após contraírem o Sars-CoV-2. Além do mais, pessoas infectadas pelo causador da Covid-19 tinham menos anticorpos contra coronavírus causadores de resfriados comuns, em comparação com pessoas que não tiveram uma infecção.

Microscopia de imunofluorescência de células Vero-E6 infectadas com SARS-CoV-2. No campo de maior ampliação (direita) é possível observar as vesículas em detalhes (Foto: Edison Durigon/ICB-USP)

Microscopia de imunofluorescência de células Vero-E6 infectadas com SARS-CoV-2. No campo de maior ampliação (direita) é possível observar as vesículas em detalhes (Foto: Edison Durigon/ICB-USP)

A resposta imune que liga o Sars-CoV-2 a outros coronavírus é conhecida como reatividade cruzada e também ocorre com as respostas das células T, que trabalham complementando a defesa contra infecções. Esse mecanismo não é tão eficaz quanto uma infecção prévia pelo mesmo vírus ou pela vacinação, que geram alto nível de anticorpos.

À medida que a quantidade de anticorpos da infecção prévia pelo Sars-CoV-2 cai com o tempo, uma nova infecção não deixa de ser evitada, mas a memória imunológica reativa a produção dessas estruturas e das células T. No caso da reatividade cruzada, a proteção — mesmo que menos eficaz — encurta o período de infecção e diminui a gravidade dos pacientes com Covid-19, segundo mostrou o estudo.






Os cientistas querem saber ainda se a reatividade cruzada não pode ocorrer no sentido oposto. Isto é, se a imunidade contra o Sars-CoV-2 também poderia proteger contra outros coronavírus. Se esse for o caso, haveria muitas vantagens. “Estaríamos um passo significativo mais perto de alcançar proteção abrangente contra outros coronavírus, incluindo quaisquer novas variantes”, explica  Alexandra Trkola, virologista que contribuiu com o estudo, em comunicado.