• Redação Galileu
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Pessoas com dieta vegetariana têm um perfil de biomarcador mais saudável do que aquelas que são carnívoras, segundo pesquisa (Foto: Anna Pelzer/Unsplash)

Pessoas com dieta saudável a base de plantas tiveram um risco 41% menor de desenvolver COVID-19 grave (Foto: Anna Pelzer/Unsplash)

“Nossas descobertas são um apelo aos governos e partes interessadas para priorizar dietas saudáveis e o bem-estar com políticas impactantes, caso contrário, corremos o risco de perder décadas de progresso econômico e um aumento substancial nas disparidades de saúde”, resume Jordi Merino, pesquisador na Unidade de Diabetes e Centro de Medicina Genômica do Massachusetts General Hospital, instrutor de medicina na Harvard Medical School e autor de pesquisa recém publicada que indica que uma dieta saudável à base de vegetais foi associada a um risco menor de contrair COVID-19 e, entre as pessoas com COVID-19, a um risco menor de apresentar sintomas graves.

Merino e seus colegas examinaram dados de 592.571 participantes que vivem no Reino Unido e nos Estados Unidos, recrutados a partir de 24 de março de 2020 e acompanhados até 2 de dezembro de 2020. Os participantes preencheram um questionário sobre seus hábitos alimentares antes da pandemia e tiveram sua dieta avaliada por meio de índice que tomava como base uma dieta saudável à base de plantas, que prioriza alimentos como frutas e vegetais.

Durante o acompanhamento, 31.831 participantes desenvolveram COVID-19. Em comparação com os indivíduos no quadrante mais baixo da pontuação da dieta, aqueles no quadrante mais alto tiveram um risco 9% menor de desenvolver COVID-19 e um risco 41% menor de desenvolver COVID-19 grave. Taxas que, segundo os pesquisadores, se mantiveram consistentes em uma série de análises que levavam em consideração outros comportamentos saudáveis, determinantes sociais da saúde e taxas de transmissão de vírus na comunidade.

A pesquisa  ainda mostra que ​​os efeitos benéficos da dieta sobre o risco de COVID-19 são especialmente relevantes em indivíduos que vivem em áreas de alta privação socioeconômica. Os dados indicam uma relação sinérgica entre uma dieta pobre e a maior privação socioeconômica com o risco de COVID-19, sendo essa relação maior do que a soma do risco associado a cada fator isoladamente.

“Nossos modelos estimam que quase um terço dos casos de COVID-19 teriam sido evitados se uma das duas exposições - dieta ou privação - não estivessem presentes”, explica Merino.

Para os pesquisadores, os dados  sugerem que estratégias de saúde pública que melhoram o acesso a alimentos saudáveis e abordam determinantes sociais da saúde podem ajudar a reduzir a carga da pandemia COVID-19.

O estudo foi co-liderado por pesquisadores do Kings College London. Os co-autores incluem Amit D Joshi, Long H Nguyen, Emily R Leeming, Mohsen Mazidi, David A Drew, Rachel Gibson, Mark S Graham, Chun-Han Lo, Joan Capdevila, Benjamin Murray, Christina Hu, Someshachandran, Alexander Hammers, Shilpa N Bhupathiraju, Shreela V Sharma, Carole Sudre, Christina M Astley, Jorge E Chavarro, Sohee Kwon, Wenjie Ma, Cristina Menni, Walter C Willett, Sebastien Ourselin, Claire J Steves, Jonathan Wolf, Paul W Franks, Timothy D Spector, Sarah Berry e Andrew T Chan.

O financiamento para o estudo foi fornecido pelo National Institutes of Health, o National Institute for Health Research, o Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido / Conselho de Pesquisa de Engenharia e Ciências Físicas, o Wellcome Trust, o Consórcio de Massachusetts sobre Preparação de Patógenos, a American Gastroenterological Association, o American Diabetes Association, Alzheimer's Society e Zoe Ltd.