• Redação Galileu
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Adultos jovens não devem ser subestimados pelas campanhas de vacinação contra a Covid-19, alerta estudo  (Foto: Matteo Bellia/Pixabay)

Adultos jovens não devem ser subestimados pelas campanhas de vacinação contra a Covid-19, alerta estudo (Foto: Matteo Bellia/Pixabay)

Embora estejam mais protegidos do que indivíduos que nunca contraíram Covid-19, jovens adultos que já testaram positivo para o novo coronavírus ainda apresentam um risco significativo de se reinfectar. O alerta, publicado nesta quinta-feira (15) na revista The Lancet Respiratory Medicine, é resultado de um estudo norte-americano que analisou o risco de reinfecção pela doença entre mais de 3 mil jovens de 18 a 20 anos.

Liderada por cientistas de seis instituições dos Estados Unidos e uma do Peru, incluindo o Centro de Pesquisa Médica Naval (NMRC) e a Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, a pesquisa recrutou 2.346 jovens fuzileiros navais para um acompanhamento de sete meses – entre maio e novembro de 2020. Com histórico de boa saúde, os participantes eram predominantemente do sexo masculino.

Antes de entrar nas instalações de quarentena supervisionadas pela Marinha dos EUA, os voluntários foram submetidos a um período de isolamento em suas próprias residências durante duas semanas. No local fiscalizado, além de exames de PCR, testes de sorologia avaliaram se algum dos recrutas já tinha sido previamente infectado pelo Sars-CoV-2 – e, nesses casos, se ainda apresentava anticorpos contra o vírus.

Enquanto 189 fuzileiros testaram positivo para a Covid-19, outros 2.247 nunca haviam contraído a doença. Ao final da observação, que contou com a aplicação de testes de PCR a cada duas semanas, cerca de 10% (19 pessoas) do primeiro grupo havia se reinfectado com o novo coronavírus, ao passo que a taxa de infecção entre os voluntários soronegativos chegou a quase 50% (1079 voluntários).

Segundo os pesquisadores, os dados confirmam que a imunidade natural contra a doença é significativa – mas limitada para novos contágios. “A taxa de detecção de novos casos de Sars-CoV-2 por PCR entre os fuzileiros navais soropositivos não foi desprezível (1,1 caso por pessoa/ano), mesmo que estejamos falando de uma população jovem e saudável”, avalia María Velasco, pesquisadora do Hospital Universitario Fundación Alcorcón, na Espanha, que não participou do estudo, em comunicado. 

Dados extraídos de testes de PCR e exames de sorologia confirmam que a imunidade natural contra a doença é significativa – mas limitada para novos contágios (Foto: Trnava University/Unsplash) (Foto: pcr, placa científica, covid-19, coronavírus)

Dados extraídos de testes de PCR e exames de sorologia confirmam que a imunidade natural contra a doença é significativa – mas limitada para novos contágios (Foto: Trnava University/Unsplash) 

Quando os cientistas avaliaram a resposta imunológica dos dois grupos, outro dado chamou a atenção: os níveis de anticorpos neutralizantes contra o Sars-CoV-2 eram mais baixos entre os soropositivos – 32% contra 83% entre os que contraíram a Covid-19 pela primeira vez. Responsável por eliminar os efeitos de microrganismos invasores, essa categoria de anticorpos costuma aparecer cerca de duas semanas após o início da infecção pelo novo coronavírus. Sua duração, contudo, ainda é uma incógnita para os cientistas.

Uma comparação entre a carga viral dos dois grupos também mostrou que a quantidade do vírus Sars-CoV-2 nos voluntários soropositivos foi, em média, apenas 10 vezes menor do que a carga detectada entre os soronegativos, o que sugere que indivíduos em uma segunda infecção ainda têm a capacidade de transmitir a doença. “À medida que o lançamento de vacinas continua ganhando impulso, é importante lembrar que, apesar de uma infecção anterior por Covid-19, os jovens podem pegar o vírus novamente e ainda transmiti-lo a outras pessoas”, alerta Stuart Sealfon, professor da Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai e autor sênior da pesquisa, em nota.

Embora reconheça que as condições de vida em uma base militar – como o contato próximo necessário para o treinamento básico – possam ter influenciado os resultados, o estudo reitera que a maioria dos casos de reinfecção pela Covid-19 era da categoria assintomática (84%), o que, para os cientistas, é um dado importante para evitar surtos da doença entre unidades da Marinha – e não só. “A mensagem para todos os jovens, incluindo nossos militares, é clara: a imunidade resultante de infecções naturais não é garantida, você ainda precisa ser vacinado, mesmo que tenha tido Covid-19 e se recuperado”, aponta Dawn Weir, tenente e pesquisador do Centro de Pesquisa Médica Naval (NMRC).