• Redação Galileu
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Testes semanais podem ser boa alternativa para evitar a transmissão em massa da Covid-19 (Foto: Medakit Ltd / Unsplash)

Testes semanais podem ser boa alternativa para evitar a transmissão em massa da Covid-19 (Foto: Medakit Ltd / Unsplash)

Um estudo publicado nesta quinta-feira (4) na revista The Lancet Public Health concluiu que testes em massa para a Covid-19 aliados a períodos de isolamento em casos positivos são as estratégias mais econômicas e eficazes contra a disseminação do Sars-CoV-2 nos Estados Unidos.

A pesquisa é a primeira a identificar estratégias de baixo custo com base nas taxas de transmissão locais, o preço de testes e hospitalizações, além da disposição da sociedade em pagar para prevenir mortes por Covid-19

Desde o início da pandemia, países em todo o mundo tomaram diversas medidas para mitigar a propagação do vírus, incluindo restrições à movimentação, medidas de distanciamento social e uso obrigatório de máscara.  Até hoje foram contabilizados 104 milhões de casos e 2,2 milhões de mortes no mundo, segundo o repositório de dados alimentado pela Universidade Johns Hopkins. Os Estados Unidos lideram o ranking global com 27 milhões de diagnósticos e 454 mil vidas perdidas.

Para avaliar as compensações econômicas da expansão e aceleração dos testes de Covid-19 nos EUA, os autores, vinculados a universidades norte-americanas e da China, desenvolveram um modelo que representa mil núcleos familiares dos Estados Unidos e que depois foi ampliado para representar os 328 milhões de residentes do país. O modelo incorporou taxas de transmissão em nível populacional e dinâmicas de carga viral (a quantidade de vírus sendo produzida por infectados) para cada pessoa.

Foram realizadas análises estatísticas em oito cenários nos quais as pessoas são testadas em uma frequência que varia de diária a mensal, juntamente com um período de isolamento de uma ou duas semanas para casos confirmados. A eficácia de cada estratégia foi determinada levando-se em consideração as taxas de doenças e mortes causadas pelo novo coronavírus, os custos de testes e hospitalização e o salário perdido durante o isolamento.

Os resultados mostraram que, quando o índice de disseminação da Covid-19 é alto – ou seja, a taxa R é de 2 ou mais (uma pessoa transmitindo para duas ou mais) – a testagem semanal de todos os moradores da região afetada seguida de isolamento de duas semanas para os casos confirmados é a medida mais eficaz e econômica. 

Já quando o contágio é baixo ou moderado – a taxa R abaixo de 1.9 (uma pessoa infectada transmitindo para menos de duas pessoas) – a testagem mensal e o isolamento de uma semana trariam melhor custo-benefício do que o método atual, que testa apenas aqueles com sintomas e seus contatos próximos (como ocorre no Brasil). 

“Adaptar as estratégias de teste e isolamento dependendo da taxa local de transmissão tem o potencial de ajudar a fornecer resultados vitais saúde pública e benefícios econômicos", comenta Lauren Ancel Meyers, professora da Universidade do Texas em Austin, em comunicado à imprensa. "Embora os custos iniciais dos testes em massa possam parecer altos, nossos resultados mostram que essa abordagem é uma maneira econômica de salvar vidas e mitigar as ameaças sem precedentes representadas pela pandemia até que muito mais pessoas sejam vacinadas."

Os autores reconhecem algumas limitações do estudo, como a inviabilidade em todos os locais de testes e planos de distribuição sofisticados. Também foi assumido na pesquisa que as pessoas que tiveram Covid-19 não podem ser reinfectadas — o que pode não ser verdade.

“A logística de implementação do teste em massa pode ser muito desafiadora, exigindo não apenas grandes quantidades deles, mas também a conformidade da comunidade com os procedimentos recomendados de teste e isolamento e planos de distribuição coordenados que podem envolver avaliações em escolas, universidades e locais de trabalho, bem como o entrega de kits de teste domiciliar e estabelecimento de locais públicos para testagem", analisa Meyers. "Esperamos que nosso estudo ajude a informar políticas que tornem essas estratégias mais viáveis."