• Redação Galileu
Atualizado em
38% dos internados com Covid-19 no Brasil morreram, segundo estudo (Foto: Pexels)

38% dos internados com Covid-19 no Brasil morreram, segundo estudo (Foto: Pexels)

No Brasil, mais da metade dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva (UTIs) por conta da Covid-19 morreram, segundo uma análise liderado por cientistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e da Universidade de São Paulo (USP). O levantamento foi publicado na última sexta-feira (15) no periódico The Lancet Respiratory Medicine.

Os pesquisadores consideraram dados do Sistema Único de Saúde (SUS) para avaliar o que ocorreu com as primeiras 250 mil pessoas que foram internadas no país por conta da infecção pelo novo coronavírus. Além de considerar os tratamentos utilizados e o número de mortes dentre os pacientes internados, o estudo analisou o impacto da pandemia de Sars-CoV-2 no sistema de saúde e no índice de mortalidade hospitalar nas cinco grandes regiões do país.

Segundo a análise, 47% das pessoas internadas com Covid-19 que foram consideradas no estudo tinham menos de 60 anos. Referente à mortalidade, a pesquisa mostrou que 38% dos pacientes internados faleceu — taxa que sobe para 60% entre os que estiveram na UTI e para 80% entre os que precisaram de respiradores.

A pesquisa também revela que a disseminação do Sars-CoV-2 no Brasil sobrecarregou os sistemas de saúde em todas as regiões do país, principalmente em áreas onde já havia sucateamento. De acordo com os cientistas, as internações hospitalares e a mortalidade foram consideravelmente maiores nas regiões Norte e Nordeste no início da pandemia: No Nordeste, 31% dos pacientes com menos de 60 anos morreram em hospitais; no Sul, essa taxa foi de 15%.

“Essas diferenças regionais na mortalidade refletem diferenças no acesso a melhores cuidados de saúde que já existiam antes da pandemia”, explicou Fernando Bozza, coordenador do estudo, em comunicado. “Isso significa que a Covid-19 não afeta apenas desproporcionalmente os pacientes mais vulneráveis, mas também os sistemas de saúde mais frágeis."

Para os autores, a alta mortalidade observada em hospitais reforça a necessidade de melhoria da estrutura e da organização do sistema de saúde. Segundo eles, é preciso aumentar os recursos disponíveis, de equipamentos e materiais, leitos de UTI e profissionais de saúde treinados.

“O sistema de saúde do Brasil é um dos maiores do mundo a atender a todos gratuitamente e tem sólida tradição na vigilância de doenças infecciosas", afirmou Otavio Ranzani, coautor o estudo. "No entanto, a Covid-19 sobrecarregou a capacidade do sistema."