• Redação Galileu
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Estudo determinou quatro tipos diferentes de envelhecimento: imunológico, renal, hepático e metabólico (Foto: Tristan Le / Pexels)

Estudo determinou quatro tipos diferentes de envelhecimento: imunológico, renal, hepático e metabólico (Foto: Tristan Le / Pexels)

O processo de envelhecimento não é o mesmo para todo mundo. Com o passar dos anos, cada organismo muda à sua própria maneira, com diferentes níveis de eficiência para cada órgão do corpo; e a ciência pode estar mais próxima da explicação para esse fenômeno.

Um estudo divulgado nesta semana na publicação Nature Medicine determinou quatro categorias do envelhecimento humano, o que pode ajudar médicos a personalizarem tratamentos e recomendações de estilos de vida para os seus pacientes. Para a pesquisa, os cientistas fizeram análises multiômicas (isto é, que reúnem genoma, proteoma, transcritoma, epigenoma e outros "omas" dos estudos biológicos) em 106 indivíduos saudáveis de idades entre 29 e 75 anos, e examinaram como as medições levantadas se relacionavam com o envelhecimento.

Após quase dois anos coletando dos voluntários várias amostras – que incluíam sangue, susbtâncias inflamatórias, micróbios, material genético, proteínas e subprodutos de processos metabólicos –, os pesquisadores decidiram focar em apenas 43 pessoas. Ao verem como o material coletado desse grupo havia mudado com o passar do tempo, os cientistas puderam identificar cerca de 600 marcadores de envelhecimento, indicadores que permitem a previsão da capacidade funcional de um tecido; ou seja, que demonstram a "idade biológica" de cada parte do corpo.

A partir desses dados, o estudo chegou aos seguintes tipos de envelhecimento: imunológico, renal, hepático e metabólico. Os pesquisadores perceberam, por exemplo, que aqueles com envelhecimento imunológico apresentavam mais indicadores de inflamações com o passar do tempo, enquanto aqueles que tinham envelhecimento metabólico acumulavam mais açúcar no sangue.

Cientistas apontam que ainda existem outros tipos de envelhecimento a serem estudados (Foto: MabelAmber / Pixabay)

Cientistas apontam que ainda existem outros tipos de envelhecimento a serem estudados (Foto: MabelAmber / Pixabay)

Embora algumas das pessoas examinadas se encaixem completamente em uma dessas quatro categorias, outras podem se identificar com todas delas. No entanto, os pesquisadores não descartam a possibilidade de haver outras classificações além das estudadas. "Se [analisássemos] mil pessoas, tenho certeza que encontraríamos outros marcadores de envelhecimento cardíaco e essa categoria seria melhor definida", considerou  em um comunicado Michael Snyder, coautor da pesquisa e professor de genética da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Além disso, alguns dos marcadores levantados pelo estudo ainda não foram totalmente compreendidos: o time de pesquisadores descobriu, por exemplo, que as concentrações de diversos micróbios podem mudar com o avanço da idade, mas ainda não se sabe como isso pode afetar a saúde.

Em entrevista ao site Live Science, Snyder ainda apontou que já houve outros estudos que buscavam marcadores de envelhecimento a partir de dados sobre grandes populações, comparando informações de pessoas jovens com pessoas idosas. Porém, segundo o pesquisador, esse tipo de abordagem leva em conta apenas um momento específico no tempo, e não mostra como alguém pode mudar com o passar dos anos. "Decisões baseadas em populações são, no mínimo, brutas", disse.

A ideia de Snyder e seus colegas é continuar acompanhando os voluntários da pesquisa para verificar eventuais mudanças nos tipos de envelhecimento deles. Eles também planejam elaborar um teste simples que médicos possam usar para identificar rapidamente a categoria de um paciente.