• Redação Galileu
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Comprimidos de Adderall, medicamento estimulante (Foto: Patrick Mallahan/ Wikimedia Commons)

Comprimidos de Adderall, medicamento estimulante (Foto: Patrick Mallahan/ Wikimedia Commons)

Pesquisadores publicaram um grande estudo nesta semana sobre como
jovens diagnosticados com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), e que tomam anfetaminas, como o Adderall, têm maior risco de desenvolver psicose. Os resultados foram publicados no New England Journal of Medicine.

Para o estudo, os pesquisadores trabalharam com dois bancos de dados, acompanhando 221.486 adolescentes e jovens com TDAH entre 13 e 25 anos e que tomaram um estimulante pela primeira vez entre 2004 e 2015. Ao todo, metade deles recebeu anfetaminas, como Adderall, enquanto a outra metade recebeu metilfenidatos, como a Ritalina.

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Após análises, os pesquisadores notaram que durante a fase inicial de tratamento com estimulantes um em cada 660 jovens desenvolveu ao menos um episódio de psicose. Desse total, o risco foi duas vezes maior para os que tomavam anfetamina do que aqueles que ingeriram metilfenidatos.

De acordo com o estudo: "o uso de prescrição dos estimulantes metilfenidato e anfetamina para o tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) vem aumentando. Em 2007, a Food and Drug Administration (FDA) determinou mudanças nos rótulos de medicamentos para estimulantes com base em descobertas de psicose de início recente (...)".

Caixa de Ritalina, um metilfenidato (Foto: Ian Barbour/ Flickr)

Caixa de Ritalina, um metilfenidato (Foto: Ian Barbour/ Flickr)

Lauren Moran, professora assistente da Harvard Medical School e uma das responsáveis pelo estudo, disse que começou a pesquisa com base em suas observações sobre os jovens que sofrem psicose.

"Nós temos visto casos de pessoas que vêm sem muita história na psiquiatria e que estão desenvolvendo esse primeiro episódio de psicose após o uso de estimulantes, mais comumente do medicamento Adderall", conta Moran.

De acordo com a nova pesquisa, os jovens estão quatro vezes mais propensos a receber uma receita para anfetaminas, como Adderall, em 2015, em comparação com 2004. "Existem diferenças sutis na forma como Adderall e Ritalina afetam os sistemas de dopamina no cérebro", explica Moran. 

Em entrevista à CNN, Rebecca Baum, pediatra que não esteve envolvida no estudo, conta que teme que os resultados possam alarmar os pais e afastá-los de tratamentos eficazes para seus filhos.

"Sempre que usamos um medicamento certamente estamos pensando sobre qual é o benefício do medicamento versus o risco", disse Baum, ressaltando que o TDAH pode ser uma condição grave quando os sintomas não são controlados.

Moran, que conduziu o estudo, ressalta que o trabalho focou em adolescentes e jovens adultos que tomaram estimulantes pela primeira vez e que, muito provavelmente, para aqueles que tomaram o medicamento como prescrito, o risco é menor.

Moran espera que os resultados descritos na pesquisa faça com que médicos e especialistas conversem melhor sobre riscos e tratamentos alternativos, como a terapia comportamento e o uso de não-estimulantes aos pacientes.

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