• Redação Galileu
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O desmatamento da Mata Atlântica entre 2019 e 2020 foi pior na cidade de Iporanga (Foto: Eduardo Rosa/SOS Mata Atlântica)

O desmatamento da Mata Atlântica entre 2019 e 2020 foi pior na cidade de Iporanga (Foto: Eduardo Rosa/SOS Mata Atlântica)

A Mata Atlântica conta hoje com apenas 12,4% da sua vegetação original — e segue perdendo áreas de floresta em índices alarmantes. O levantamento Atlas da Mata Atlântica, conduzido pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revela que 13 mil hectares foram desmatados entre os anos de 2019 e 2020 no país.

Essa área contempla 15% dos 3.429 municípios brasileiros que abrigam o bioma. A maioria (70%) dessas cidades se concentra em nove estados: Mato Grosso do Sul, Minhas Gerais, Bahia, Piauí, Paraná, Santa Catarina, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo.






É no território paulista, aliás, onde estão 19 dos municípios que mais desmataram. O destaque no estado é a cidade litorânea de Iporanga, na qual 45 hectares de Mata Atlântica foram perdidos — o equivalente a 50 campos de futebol. Em seguida vêm Campinas (33 hectares), Cotia (21 hectares), Cajati (18 hectares) e Embu das Artes (16 hectares).

Contudo, esses não são os recordes de áreas desmatada por município. Só em Bonito, no Mato Grosso do Sul, 416 hectares do bioma foram derrubados. Na sequência estão Águas Vermelhas (MG), com 369 hectares desflorestados; e Wanderley (BA), com 350. Em cada um desses três municípios o ritmo do desmatamento foi o correspondente a mais de um campo de futebol de por dia.

Mapa do estado de São Paulo mostra uma devastação de 152,1 mil hectares de Mata Atlântica (Foto: SOS Mata Atlântica)

Mapa do estado de São Paulo mostra uma devastação de 152,1 mil hectares de Mata Atlântica (Foto: SOS Mata Atlântica)

A análise indica que, entre 2019 e 2020, o desmatamento na Mata Atlântica cresceu 14% em relação ao biênio 2017-2018, quando foi atingido o menor valor da série histórica (11.399 hectares). Isso é preocupante por diversos motivos. “Além de fazer com que as cidades se tornem cada vez mais quentes, a redução das áreas verdes ameaça a disponibilidade e a qualidade da água. A crise hídrica que vivemos hoje é um reflexo disso”, avalia Luis Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica, em nota. “No caso de Bonito, os danos podem ser ainda graves, pois coloca em risco o turismo que move a economia da cidade.”

O porta-voz cita ainda que quase toda a desvatação é ilegal, dado que o bioma é protegido pela Lei da Mata Atlântica, que só permite a derrubada da floresta em situações específicas, como a realização de obras e atividades de utilidade pública.

Gráfico mostra evolução anual do desmatamento da Mata Atlântica em Bonito, no Mato Grosso do Sul (MS) entre os anos de 2000 a 2020 (Foto: SOS Mata Atlântica)

Gráfico mostra evolução anual do desmatamento da Mata Atlântica em Bonito, no Mato Grosso do Sul (MS) entre os anos de 2000 a 2020 (Foto: SOS Mata Atlântica)

Para Silvana Amaral, coordenadora técnica do Atlas pelo Inpe, o estudo pode ajudar na preservação desse bioma tão importante e ameaçado. "Sabendo onde o desmatamento ocorre, podemos fiscalizar e reivindicar medidas de proteção ou de recuperação de nossas matas”, pontua, em comunicado.

O Atlas dos Municípios da Mata Atlântica pode ser acessado no site www.aquitemmata.org.br. Os dados serão comentados nesta quarta-feira (30), na live "Mata Atlântica em Debate", transmitida pelas redes sociais da Fundação SOS Mata Atlântica, às 18h30. A inscrição é gratuita, mas são aceitas doações no site Sympla, que serão direcionadas para o trabalho da ONG.