• Redação Galileu
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Os níveis de dióxido de nitrogênio permaneceram muito mais baixos do que em 2019 (Foto: Goddard Space Flight Center da Nasa)

Os níveis de dióxido de nitrogênio permaneceram muito mais baixos do que em 2019 (Foto: Goddard Space Flight Center da Nasa)

Desde o inicio da pandemia do novo coronavírus, diversos estudos sobre as reduções de poluentes atmosféricos foram feitos. Entre as instituições que investigam o fenômeno está Nasa, que apresentou os resultados na Conferência Internacional de 2020 para Computação, Rede, Armazenamento e Análise de Alto Desempenho, que acontece virtualmente até amanhã (19).

Os cientistas da agência espacial queriam saber quanto do declínio de partículas poluentes poderia ser atribuído às mudanças na atividade humana durante os períodos de isolamento, em comparação com um cenário hipotético sem a pandemia. “Todos nós sabíamos que os bloqueios teriam um impacto na qualidade do ar”, diz o autor principal da pesquisa, Christoph Keller, da Associação de Pesquisas Espaciais de Universidades (USRA), no Goddard Space Flight Center da Nasa, em Maryland (EUA).

Para "criar" o ano de 2020 sem a Covid-19, os pesquisadores usaram modelos de computador e descobriram que, desde fevereiro, as restrições da pandemia já foram capazes de reduzir as concentrações globais de dióxido de nitrogênio em quase 20%. Esse poluente é produzido principalmente pela combustão de combustíveis fósseis usados ​​pela indústria e transporte.

Os níveis de dióxido de nitrogênio permaneceram muito mais baixos do que em 2019 (Foto: Observatório da Terra da Nasa)

Os níveis de dióxido de nitrogênio permaneceram muito mais baixos do que em 2019 (Foto: Observatório da Terra da Nasa)

“Também ficou claro que seria difícil medir quanto dessa mudança está relacionada às medidas de bloqueio, em comparação com a sazonalidade geral ou variabilidade na poluição”, diz Keller, em comunicado. Isso porque não há dois anos exatamente iguais. Comparar as concentrações de dióxido de nitrogênio em 2020 com os dados de 2019 ou 2018, por exemplo, não levaria em conta as diferenças de ano para ano.

Mas, no modelo criado pela Nasa, as projeções levam em conta variações naturais e os cientistas podem usá-las para analisar quanto da mudança na composição atmosférica de 2020 foi causada pelas medidas de contenção impostas pela Covid-19.

Os pesquisadores receberam dados de 46 países — um total de 5.756 locais de observação em terra —, retransmitindo medições de composição atmosférica de hora em hora, em tempo quase real. O que se observou é que 50 das 61 cidades analisadas tiveram reduções de dióxido de nitrogênio entre 20% e 50%.

Keller também comparou suas estimativas com as do produto interno bruto (PIB) das nações incluídas no estudo. De acordo com o pesquisador, os dados alinharam surpreendentemente bem. “Esperamos que eles estejam de alguma forma relacionados porque o dióxido de nitrogênio está intimamente ligado às atividades econômicas, como as pessoas que viajam e as fábricas em funcionamento”, explica. “Parece que nossos dados capturam isso muito bem.”