• Redação Galileu
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Na aproximação mais próxima, a espaçonave chegou a uma distância de cerca de 352 quilômetros (Foto: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/SWRI/MSSS)

Na aproximação mais próxima, a espaçonave chegou a uma distância de cerca de 352 quilômetros (Foto: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/SWRI/MSSS)

Depois de enviar em 2021 imagens detalhadas de Ganimedes, maior lua de Júpiter, a sonda Juno divulgou uma foto de mais um satélite natural do maior planeta do Sistema Solar. Em um sobrevoo por Europa, a espaçonave ficou a apenas 352 quilômetros da superfície gelada da lua, perto o suficiente para tirar fotos com a mais alta resolução já obtidas deste satélite.

A imagem revela características da superfície de Annwn Regio, região perto do equador de Europa. Devido ao grande contraste entre a região iluminada e as sombras (terminador), os relevos do local são facilmente vistos. Ao que tudo indica, uma das formações pode ser uma cratera de impacto degradada.

Por mais impressionantes que sejam os materiais obtidos pela Juno, a espaçonave teve apenas uma janela de duas horas para coletá-los, passando pela lua com uma velocidade relativa de cerca de 23,6 quilômetros por segundo. O sobrevoo próximo também modificou a trajetória da sonda, reduzindo o tempo que leva para orbitar Júpiter de 43 para 38 dias.

Na aproximação mais próxima, a espaçonave chegou a uma distância de cerca de 352 quilômetros (Foto: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/SWRI/MSSS)

Na aproximação mais próxima, a espaçonave chegou a uma distância de cerca de 352 quilômetros (Foto: Reprodução/Nasa/JPL-Caltech/SWRI/MSSS)

Scott Bolton, investigador principal da Juno do Southwest Research Institute em San Antonio, relata, em comunicado, que por mais que o processo ainda esteja no início, os resultados já são animadores. “Esta primeira foto é apenas um vislumbre da nova e notável ciência que vem de todo o conjunto de instrumentos e sensores de Juno que adquiriram dados enquanto percorria a crosta gelada da lua'', comemora.

Imagens detalhadas

A missão coletou imagens e também obteve dados valiosos sobre a estrutura, interior, composição da superfície e ionosfera da crosta de gelo de Europa, além da interação da lua com a magnetosfera de Júpiter.

“A equipe científica comparará o conjunto de imagens obtidas pela Juno com imagens de missões anteriores, procurando ver se as características da superfície de Europa mudaram nas últimas duas décadas”, disse Candy Hansen, coinvestigadora da Juno que lidera o planejamento para a câmera no Planetary Science Institute no Arizona, Estados Unidos. As novas imagens substituirão as antigas fotos de baixa resolução que já apresentaram a área anteriormente.

Fotografias mais aproximadas da Juno e dados de seu instrumento Microwave Radiometer (MWR) fornecerão novos detalhes sobre como a estrutura do gelo de Europa varia sob sua crosta.

Os conhecimentos ajudarão a confirmar se realmente há um oceano de água salgada quilômetros abaixo de toda essa camada gelada, como sugerem evidências científicas, levantando questões sobre as condições potenciais capazes de sustentar a vida sob a superfície deste local.

Essas informações poderão ser utilizadas para gerar novos insights sobre o satélite, principalmente na busca de regiões onde a água líquida pode existir em bolsões subterrâneos rasos.

Outras missões

As recentes observações beneficiarão futuras missões à lua joviana, incluindo a missão Europa Clipper, da Nasa. Com lançamento previsto para 2024, o Europa Clipper estudará a atmosfera, a superfície e o interior do satélite, com o principal objetivo de determinar se existem lugares abaixo da superfície de Europa que possam suportar vida e entender melhor seu oceano subterrâneo.

Apesar de a sonda Juno ter ficado bem próxima da superfície de Europa, o recorde de maior aproximação ainda pertence à missão Galileo, também da Nasa, que sobrevoou esta lua em 2000 e ficou a apenas 351 km de sua superfície. Contudo, o novo sobrevoo permitirá que os cientistas da missão tenham uma das melhores visões já conseguidas desta lua.