• Redação Galileu
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Ventos na Grande Mancha Vermelha de Júpiter avistados pelo Telescópio Hubble em 2009 e 2020 (Foto: NASA, ESA, Michael H. Wong (UC Berkeley))

Ventos na Grande Mancha Vermelha de Júpiter avistados pelo Telescópio Hubble em 2009 e 2020 (Foto: NASA, ESA, Michael H. Wong (UC Berkeley))

Chamada de Grande Mancha Vermelha, a tempestade que assola Júpiter é cheia de mistérios. Observações feitas pelo Telescópio Espacial Hubble, da Nasa, revelaram mais um enigma desse fenômeno: a velocidade de seus ventos  aumentou em até 8% entre 2009 e 2020 — e os cientistas ainda não sabem o porquê.






A descoberta foi divulgada em comunicado da equipe do telescópio nesta segunda-feira (27). Os cientistas perceberam que, embora a velocidade da ventania dentro dos limites da borda da tempestade esteja aumentando, a região mais interna da Grande Mancha Vermelha está se movendo significativamente mais devagar.

A estranha revelação surpreendeu os cientistas. “Quando inicialmente vi os resultados, perguntei: 'Isso faz sentido?' Ninguém nunca viu isso antes", relata Michael Wong, pesquisador que liderou a análise."Mas isso é algo que apenas Hubble pode fazer. A longevidade de Hubble e as observações em andamento tornam essa revelação possível".

O telescópio espacial permitiu interpretar os ventos do planeta gasoso com detalhes. A alteração na velocidade do vento foi de menos de 2,5 quilômetros por hora a cada ano, segundo a estimativa. "Estamos falando de uma mudança tão pequena que, se não tivéssemos os onze anos de dados do Hubble, não saberíamos que isso aconteceu", conta Amy Simon, colaboradora da pesquisa.

Grande Mancha Vermelha de Júpiter é uma tempestade que se agita há séculos (Foto: HubbleESA/Reproução/Youtube)

Grande Mancha Vermelha de Júpiter é uma tempestade que se agita há séculos (Foto: HubbleESA/Reproução/Youtube)

Para selecionarem os dados do Hubble, os pesquisadores usaram um software capaz de rastrear de dezenas a centenas de milhares de vetores que mostram a direção e a velocidade do vento em Júpiter. Todas as informações vieram do programa Outer Planets Atmospheres Legacy (OPAL), que fornece visualizações anuais do telescópio para astrônomos procurarem mudanças em tempestades, ventos e nuvens de planetas.

Júpiter e Europa, uma de suas luas, em imagem capturada pelo telescópio espacial Hubble em 25 de agosto de 2020 (Foto: NASA, ESA, STScI, A. Simon (Goddard Space Flight Center), M.H. Wong (University of California, Berkeley), and the OPAL team)

Júpiter e Europa, uma de suas luas, em imagem capturada pelo telescópio espacial Hubble em 25 de agosto de 2020 (Foto: NASA, ESA, STScI, A. Simon (Goddard Space Flight Center), M.H. Wong (University of California, Berkeley), and the OPAL team)

No caso, as nuvens da Grande Mancha de Júpiter giram no sentido anti-horário e a velocidades que superam 640 quilômetros por hora. Essa mancha de mais de 16 mil quilômetros de diâmetro é observada há mais de 150 anos e existem indícios de que ela possa estar diminuindo misteriosamente e se tornando mais circular do que oval.






Os pesquisadores não sabem ainda porque os ventos estão acelerando, porém, acreditam que a descoberta possa ser útil para entender o funcionamento da enorme tempestade. “É uma peça interessante do quebra-cabeça que pode nos ajudar a entender o que está alimentando a Grande Mancha Vermelha e como ela está mantendo sua energia”, afirma Wong.