• Redação Galileu
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Planetas com eixo inclinado, como a Terra, são mais capazes de abrigarem vida complexa, segundo estudo (Foto: Goldschmidt Conference)

Planetas com eixo inclinado, como a Terra, são mais capazes de abrigarem vida complexa, segundo estudo (Foto: Goldschmidt Conference)

Desde que os astrônomos Aleksander Wolszczan e Dale Frail descobriram, em 1992, dois planetas orbitando estrelas distantes pela primeira vez, cientistas passaram a procurar vida em outros sistemas solares. Um novo estudo pode ajudar nessa busca, pois indica que exoplanetas com eixos inclinados podem ter ainda mais chance de abrigarem organismos complexos. 

A pesquisa, apoiada pela Nasa, foi publicada em 15 de abril no jornal científico Frontiers in Astronomy and Space Sciences. Os autores apontam que, primeiro, os planetas precisam estar em uma zona habitável, também conhecida como zona Goldilocks, que significa em inglês “zona cachinhos dourados”. Ou seja, é necessário que estejam a certa distância de suas estrelas para que tenham água líquida.






Porém, outro critério essencial para a vida é a presença de oxigênio atmosférico (O2). E os cientistas descobriram que a produção desse gás pode ser bem maior se o planeta tem seu eixo inclinado.

A descoberta foi feita por meio de modelos teóricos que avaliaram algumas características dos exoplanetas, como a duração do dia, a aumento da pressão, a atmosfera, a distribuição do solo, etc. Tais critérios, segundo os cientistas, interferem na quantidade de O2 produzido por seres fotossintéticos nos oceanos desses mundos distantes – da mesma forma que podem ter ajudado na oxigenação da Terra.

Nos modelos, uma inclinação maior enquanto o exoplaneta girava em torno de sua estrela aumentou a produção de oxigênio produzido nos oceanos. O elemento é importante pois desempenha um papel crítico na respiração de seres vivos complexos na Terra, como plantas e animais. Assim, é uma bioassinatura na busca por vida em outros planetas.





Não por acaso, nosso planeta se inclina em um ângulo de 23,5 graus, o que proporciona incidência de luz solar variada, criando as estações do ano. Mas nem todos os mundos são inclinados como o nosso: Mercúrio, por exemplo, não tem inclinação alguma. Já Urano se inclina a 98 graus.

Porém, condições de vida podem ser limitadas mesmo em planetas com inclinação elevada como Urano, se eles tiverem condições sazonais extremas. A líder do estudo, Stephanie Olson, explica em comunicado que inclinações mais modestas podem aumentar a probabilidade de atmosferas oxigenadas, que são como “faróis de vida microbiana”, alimentando também o metabolismo de seres vivos complexos.