• Redação Galileu
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Poluição luminosa de lixo espacial e satélites atrapalha trabalho de astrônomos (Foto: Divulgação/ESA)

Poluição luminosa de lixo espacial e satélites atrapalha trabalho de astrônomos (Foto: Divulgação/ESA)

Satélites e restos de espaçonaves estão poluindo a órbita da Terra, aumentando o brilho do céu noturno em mais de 10% acima dos níveis de luz natural, o que prejudica observações astronômicas. Esse dado alarmante é fruto de um estudo, publicado nesta segunda-feira (29), no jornal científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

A pesquisa foi feita por pesquisadores da Universidade Comenius de Bratislava, na Eslováquia; Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha; e da Universidade de Utah, nos Estados Unidos. Eles queriam estudar como o lixo espacial poderia estar causando poluição luminosa na Terra.






Os especialistas notaram que essa poluição excedeu os limites de 10% de luminosidade que a União Astronômica Internacional estipulou em 1979. “Esperávamos que o aumento do brilho do céu fosse marginal, se houvesse algum aumento, mas nossas primeiras estimativas teóricas foram extremamente surpreendentes e, portanto, nos encorajaram a relatar nossos resultados prontamente”, diz em comunicado o líder do estudo, Miroslav Kocifaj.

O pesquisador da Eslováquia, junto de seus colegas de trabalho, fizeram seus cálculos com várias estimativas de número e tamanho de objetos espaciais lançados desde a década de 1990 até 2020. Eles consideram os equipamentos que, desde então, se aglomeram na órbita terrestre.

Isso inclui tanto satélites em funcionamento quanto detritos diversos, como peças descartadas de foguetes. Segundo a pesquisa, esse lixo todo está aumentando o brilho do céu noturno, dificultando observações em cidades, assim como ocorre com a poluição atmosférica por gases que nos impede de ver estrelas da Via Láctea. 

“Astrônomos constroem observatórios longe das luzes da cidade para buscar céus escuros, mas esta forma de poluição luminosa tem um alcance geográfico muito maior”, conta John Barentine, pesquisador da Universidade de Utah e coautor do artigo.

Gráfico mostra todo o lixo espacial em órbita terrestre catalogado pela Rede de Vigilância Espacial dos EUA, de 1956 a 2020. A linha marrrom representa todos os tipos de objetos; a rosa, são os detritos espaciais; a azul são espaçonaves; laranja são detritos de missões espaciais e em verde está a quantidade de foguetes que poluem a órbita terrestre  (Foto: Divulgação/Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos)

Gráfico mostra todo o lixo espacial em órbita terrestre catalogado pela Rede de Vigilância Espacial dos EUA, de 1956 a 2020. A linha marrrom representa todos os tipos de objetos; a rosa, são os fragmentos espaciais; a azul corresponde às espaçonaves; laranja são detritos de missões espaciais e em verde está a quantidade de foguetes que poluem a órbita terrestre (Foto: Divulgação/Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos)

Naturalmente, o céu noturno já tem uma taxa de luminosidade natural, fruto de partículas ionizadas, porém o receio dos cientistas é que a poluição luminosa mude completamente a experiência que temos das observações do espaço. “Muito mais pessoas do que apenas astrônomos podem perder o acesso a céus noturnos imaculados”, alerta Barentine.






De acordo com a Revista Science, uma questão que preocupa cientistas é o surgimento de megaconstelações de satélites, que ocorrem por meio de iniciativas como as da empresa SpaceX, do bilionário Elon Musk. Desde 2019, a companhia já lançou mais de 1 mil satélites para sua rede de comunicações Starlink, que promete fornecer serviço de internet rápida.

O problema é que os satélites prejudicam a observação de galáxias mais obscuras, obrigando os astrônomos a utilizarem cada vez mais longas exposições e telescópios maiores para terem algum resultado.