• Redação Galileu
Atualizado em
O oxigênio da Terra é diferente do da Lua, mostra pesquisa (Foto: NASA)

O oxigênio da Terra é diferente do da Lua, mostra pesquisa (Foto: NASA)

Um novo artigo publicado na revista Nature Geoscience sugere que a composição do oxigênio presente na Terra é diferente daquele encontrado da Lua, o que pode desafiar nosso entendimento atual de como se deu a formação do satélite. Para realizarem a descoberta, os pesquisadores responsáveis pelo estudo avaliaram os isótopos da substância presentes em amostras lunares e as compararam com as terrestres.

A teoria da formação da Lua mais corrente é a Hipótese do Impacto Gigante, que sugere que nosso satélite foi formado a partir de detritos resultantes da colisão entre a Terra primitiva e um protoplaneta chamado Theia. É por isso que, segundo os cientistas, nosso planeta e a Lua são geoquimicamente semelhantes — e as amostras lunares recolhidas durante as missões Apollo, de fato, têm uma composição quase idêntica aos isótopos de oxigênio daqui.

Entretanto, embora a hipótese explique as semelhanças geoquímicas entre a Terra e a Lua, ela ainda não deixa claro como isso aconteceu. Para os especialistas, existem duas alternativas: ou os dois corpos que colidiram tinham composição idêntica (o que é muito improvável), ou seus isótopos de oxigênio foram totalmente misturados após o impacto.

No novo estudo, a equipe avaliou isótopos de oxigênio presentes em diversos tipos de rochas lunares presentes em diferentes profundidades dentro do manto do astro. Foi assim que, após as análises, os pesquisadores descobriram que a composição da substância de fato variava de acordo com a parte da Lua da qual era proveniente.

"Nossas descobertas sugerem que o manto lunar profundo pode ter experimentado menos mistura e é mais representativo do impactado da Theia", pontuou Erick Cano, um dos pesquisadores, em comunicado. "Os dados sugerem que as composições distintas de isótopos de oxigênio de Theia e da Terra não foram completamente homogeneizadas pelo impacto que formou a Lua e fornecem evidências quantitativas de que Theia poderia ter se formado mais longe do Sol do que o nosso plaeta."

De acordo com os pesquisadores, o artigo é importante porque elimina a necessidade de modelos de impacto gigante que incluem uma homogeneização completa de isótopos de oxigênio entre a Terra e a Lua. "Com base nos resultados de nossa análise isotópica, Theia teria uma origem mais distante do Sol em relação à Terra e mostra que a composição distinta de isótopo de oxigênio de Theia não foi completamente perdida pela homogeneização durante o impacto", observou Zach Sharp, coautor do estudo.