• Marília Marasciulo
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O astronauta Bill Shepheard assina seu nome na Estação Espacial Internacional (ISS) (Foto: Divulgação/NASA)

O astronauta Bill Shepheard assina seu nome na Estação Espacial Internacional (ISS) (Foto: Divulgação/NASA)

Há uma lenda famosa que se espalhou nos anos 60, no auge da corrida espacial: quando se descobriu que as canetas esferográficas convencionais não funcionariam no espaço, por conta da gravidade zero, a NASA investiu uma pequena fortuna para desenvolver a caneta perfeita. A União Soviética, muito mais prática e econômica, usou lápis de cera.

Não é bem verdade. As primeiras missões da NASA de fato usaram lápis. Mas não qualquer lápis: eram lapiseiras fabricadas pela Tycam Engineering Manufacturing, Inc., de Houston, no Texas. Mas elas de fato custavam uma pequena fortuna: US$ 128,89 cada, cerca de US$ 1.050 nos valores atuais (mais de R$ 4 mil na atual conversão). Isso, é claro, gerou muita controvérsia, porque muita gente enxergou como um gasto supérfluo e desnecessário. 

A agência espacial norte-americana passou então a buscar alternativas. Parece bobagem, mas a preocupação com os materiais que entram a bordo é grande, visto que o ambiente rico em oxigênio das cápsulas é altamente propenso  a incêndios. Qualquer faísca combinada a materiais inflamáveis pode causar tragédias, como a de Apollo 1, que matou três astronautas. O grafite , por exemplo, queima facilmente e conduz eletricidade.

Entrou em cena o inventor Paul Fisher, que desde os anos 1950 tentava desenvolver uma caneta esferográfica que funcionaria no espaço. Com uma carga pressurizada, ela funcionava em ambientes sem gravidade, debaixo d’água, em outros líquidos e em temperaturas extremas. Fisher chegou a oferecer as canetas para a NASA em 1965 após a polêmica das lapiseiras, mas a agência hesitou.

O inventor Paul Fisher, que idealizou a caneta esferográfica espacial (Foto: Divulgação)

O inventor Paul Fisher, que idealizou a caneta esferográfica espacial (Foto: Divulgação)

Em 1967, depois de muitos testes, a NASA finalmente concordou em equipar os astronautas da missão Apollo com as canetas. Foram compradas 400 canetas a um preço de US$ 6 cada para o projeto. A União Soviética também gostou da ideia, e comprou 100 canetas e 1 mil cartuchos de tinta em fevereiro de 1969, para usar nos voos com o foguete Soyuz.

Hoje, a escrita no espaço é eletrônica, com laptops customizados para o uso no espaço  (resistentes a radiação, calor e fogo). A Fisher, porém, ainda anuncia suas canetas como “canetas espaciais”, e elas podem ser compradas no site da marca a preços que vão de US$ 60 a US$ 700.

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