• Ana Posses, Duília de Mello e Geisa Ponte*
Atualizado em
Bendegó em meio aos escombros do Museu Nacional em 3 de setembro de 2018 (Foto: Márcio Alves/Agência O Globo)

Bendegó em meio aos escombros do Museu Nacional, no Rio, em 3 de setembro de 2018 (Foto: Márcio Alves/Agência O Globo)

Esta é a estreia da coluna Mulheres das Estrelas aqui na GALILEU. Somos três astrônomas, Ana Posses, Duília de Mello e Geisa Ponte, todas apaixonadas por tudo que tem cheiro de ciência e divulgadoras das belezas do Universo.

A Duília é tarimbada, sabe tudo de evolução das galáxias e até supernova já descobriu. A Ana é craque em colisão de galáxias e a Geisa é apaixonada por estrelas parecidas com o Sol, as gêmeas solares. Vamos utilizar este espaço para falar de astronomia e, juntos, vamos divagar pelo Universo.

Para a primeira coluna escolhemos como tema os meteoritos. E a inspiração foi aquela cena que vocês viram e que os fez chorar conosco: o Bendegó, um pedregulho enorme, solitário e intacto dentro do Museu Nacional destruído pelo fogo.

Que pedregulho é esse que resistiu a um incêndio? O Bendegó é o maior meteorito já  encontrado no Brasil e o 16º do mundo. Foi achado em 1784 por um menino no sertão da Bahia, perto do Riacho Bendegó. Quando Dom Pedro II soube da descoberta, fez de tudo para levar o meteorito para o Rio de Janeiro. Carregar mais de 5 toneladas da Bahia ao Rio não foi nada fácil — ele chegou ao destino apenas em 1888.

Essas pedras espaciais têm elementos químicos originais da formação do Sistema Solar, pois nunca sofreram com erosão e vulcanismo. O Bendegó é constituído principalmente de ferro e níquel e pertence à classe dos metálicos, mas existem meteoritos rochosos e também os ferro-rochosos.

Leia também:
+ Meteorito de R$ 3 mi segue perdido nos escombros do Museu Nacional 
+ 7 dicas para quem quer observar o céu e não sabe por onde começar

Você sabia que estrelas cadentes são, na verdade, meteoros? Aquele risco brilhante no céu é produzido pela alta velocidade com que entram na atmosfera. A maioria deles nem chega ao impacto com o solo, pois se desgastam completamente na queda. Geralmente, os que conseguem atingir o solo (quando ganham o nome de meteorito) são menores do que grãozinhos de feijão.

Chuva de meteoros Geminídeas de 2014 nos EUA (Foto: David Kingham/flickr/creative commons)

Chuva de meteoros Geminídeas de 2014 nos EUA (Foto: David Kingham/flickr/creative commons)

Já quando o meteoroide (seu nome antes de entrar na atmosfera) é grandão, pode fazer uma cratera ao atingir o chão e causar estragos substanciais. Sabemos que um estrago desses levou ao fim a era dos dinossauros. A teoria diz que uma pedra gigante atingiu a Terra levantando tanta poeira que o céu ficou escuro por vários anos, e, sem poder fazer fotossíntese, muitas plantas acabaram morrendo; os animais maiores ficaram sem
alimento e não sobreviveram.

Alguns desses pedregulhos espaciais são bolas de neve empoeiradas que viajam pelo Sistema Solar: esses são os cometas! Eles se aproximam do Sol periodicamente deixando um rastro de pedrinhas pelo caminho. Quando a Terra passa pelos rastros, acontece o que chamamos de chuva de meteoros, ou seja, um monte de estrelas cadentes na mesma noite. A próxima será a Orionidas, a partir de 4 de outubro. São pedacinhos do cometa Halley deixados para trás que produzirão um lindo espetáculo no céu. Preparem a lista de pedidos!

* Ana Posses, Duília de Mello e Geisa Ponte são astronômas que querem mostrar ao Brasil a importância da ciência. Trabalham para atrair mais jovens — especialmente as meninas — para esse campo.

Curte o conteúdo da GALILEU? Tem mais de onde ele veio: baixe o app Globo Mais para ler reportagens exclusivas e ficar por dentro de todas as publicações da Editora Globo. Você também pode assinar a revista, a partir de R$ 4,90, e ter acesso às nossas edições.