• Redação Galileu
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Em cachorros idosos, risco de Disfunção Cognitiva Canina aumenta a cada ano (Foto: Reprodução/Pixabay)

Em cachorros idosos, risco de Disfunção Cognitiva Canina aumenta a cada ano (Foto: Reprodução/Pixabay)

Doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento são mais prevalentes em pessoas idosas. Em cães não é diferente: assim como humanos, animais mais velhos podem apresentar declínio das funções cognitivas.

Enquanto em pessoas essa condição está associada ao risco de doenças como Alzheimer e Parkinson, os cachorros ficam vulneráveis à Disfunção Cognitiva Canina (DCC).

Em pesquisa publicada no periódico Scientific Reports, nesta quinta-feira (25), cientistas norte-americanos apontam que para cães com mais de dez anos de idade, cada ano extra de vida aumenta em 52% o risco relativo de desenvolver a condição neurodegenerativa DCC.

Os animais afetados podem apresentar déficits de aprendizado e memória, perda de consciência espacial, interações sociais alteradas e interrupção do sono. Segundo comunicado, as estimativas anteriores das taxas de DCC em cães variavam de 28% em cães de 11 a 12 anos a 68% em cães de 15 a 16 anos.

“O DCC é uma grande preocupação de saúde dos donos de cães e veterinários. Uma maior compreensão da doença pode ajudar a avançar no tratamento de doen��as cognitivas em cães. Esses benefícios potenciais destacam a importância do diagnóstico preciso do DCC em cães de companhia”, explicam os especialistas no estudo.

Risco de demência

Sarah Yarborough, principal autora do estudo, e sua equipe investigaram a prevalência de DCC em uma amostra de 15.019 cães de companhia do Dog Aging Project, um estudo longitudinal sobre envelhecimento em cães de estimação nos EUA.

Entre dezembro de 2019 e 2020, a equipe do projeto realizou duas pesquisas denominadas Health and Life Experience Survey e Canine Social and Learned Behavior, a primeira trazendo informações sobre o estado de saúde e atividade física dos animais e a segunda com perguntas para testar o DCC, como se o cão falhou em reconhecer pessoas conhecidas.

A expectativa de vida dos cães foi classificada em quartis, sendo 19,5% no último quartil de vida, 24,4% no terceiro quartil e 27% e 29,1% no segundo e primeiro quartis, respectivamente. Ao todo, 1,4% dos cães foram classificados como portadores de Disfunção Cognitiva Canina.

Os autores relatam que, ao considerar apenas a idade entre cães com mais de 10 anos, o risco de serem diagnosticados com DCC aumentou 68% para cada ano adicional de idade. Ao controlar outros fatores, como problemas de saúde, esterilização, níveis de atividade e tipo de raça, a probabilidade de CCD foi de 52% para cada ano a mais.

Ao compararem cães da mesma idade, estado de saúde, tipo de raça e estado de higiene, os autores observaram que as chances de CCD foram 6,47 vezes maiores em cães que não eram ativos em comparação com aqueles que eram muito ativos.

Ao controlar por idade, raça, nível de atividade e outras comorbidades, cães com histórico de distúrbios neurológicos, oculares ou auditivos apresentaram maior propensão para DCC.

Os autores concluem que mais pesquisas são necessárias para entender melhor o DCC. No entanto, segundo os pesquisadores, os paralelos observados entre DCC e Alzheimer sugerem que os cães que apresentam a disfunção podem também oferecer aos pesquisadores um modelo animal valioso para estudar características de doenças neurodegenerativas que são relevantes, porém desafiadoras para estudos em populações humanas.