• Redação Galileu
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Cake senta-se em uma cadeira especializada conhecida como cadeira Bailey - própria para cães que sofrem com megaesôfago. (Foto: WSU Insider)

Cake senta-se em uma cadeira especializada conhecida como cadeira Bailey - própria para cães que sofrem com megaesôfago. (Foto: WSU Insider)

Um estudo publicado em janeiro no American Journal of Veterinary Research mostra que o sildenafil (medicamento comercializado com o nome de Viagra) em forma líquida pode evitar a morte de cães que sofrem com pneumonia aspirativa, causada pelo alargamento do esôfago (o chamado megaesôfago) 

Essa condição ocorre em cachorros por uma disfunção neuromuscular nesse órgão, o qual não produz os movimentos peristálticos necessários para a digestão da comida. A falta desses movimentos impossibilita que o alimento desça até o estômago. Esse processo pode levar o animal a aspirar o que come e, potencialmente, desencadear um quadro de pneumonia por aspiração.

“A literatura nos diz que muitos cães com a doença morrem de pneumonia por aspiração ou são sacrificados devido à má qualidade de vida dentro de oito meses após o diagnóstico”, relata a veterinária Jillian Haines, que coliderou o estudo, em nota. As causas desse problema podem ser congênitas (desde o nascimento do cão), secundárias (alteração no órgão ligada a uma patologia ou lesão) ou até herediárias.

Durante a pesquisa, foram usados 10 tutores e cães voluntários, os quais foram separados em dois grupos. Um foi tratado somente com sildenafil líquido e o outro, com placebo. Após estarem medicados, eles ficaram uma semana sem droga ou placebo e, depois, os grupos se inverteram. Para que a equipe veterinária conseguisse visualizar se os animais estavam conseguindo digerir água e comida úmida, uma videofluoroscopia foi realizada.

Os donos, que não deveriam saber se seu cão recebia Viagra ou placebo, acabaram notando quando os animais usavam a droga, por conta da diminuição de vômito. Ao final do estudo, nove dos 10 tutores relataram uma redução significativa de regurgitação. Mesmo que na videofluoroscopia não tenha tido muitas diferenças entre o grupo do placebo e o do Viagra, os animais chegaram a ganhar quase 1 quilo ao final do estudo. 

Além disso, notou-se que o Viagra abre, por 20 minutos até quase uma hora, o esfíncter do esôfago, algo necessário para que a comida passe para o estômago e não fermente. Com isso, o cãozinho não regurgita. 

Contudo, mesmo que a pesquisa se mostre animadora, são necessárias mais investigações sobre a droga, que causa uma irritação gastrointestinal como efeito colateral. Ela não é de fácil absorção no estômago e, em casos mais severos do problema, os resultados não se mostraram tão positivos.