• Redação Galileu
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Pesquisadores descobrem por que muitos mamíferos têm osso no pênis. Acima: báculo de um texugo-do-mel (Foto: Brassey et al., Proceedings of the Royal Society B)

Pesquisadores descobrem por que muitos mamíferos têm osso no pênis. Acima: báculo de um texugo-do-mel (Foto: Brassey et al., Proceedings of the Royal Society B)

Enquanto alguns mamíferos, como os humanos, não têm um osso peniano, a grande maioria das espécies contam com uma estrutura óssea, conhecida como báculo, "lá". O motivo para sua existência é um mistério para os biólogos há anos. Mas uma nova pesquisa, realizada por cientistas britânicos, fornece uma pista importante que promete ajudar a solucionar a questão.

No estudo, publicado na quarta-feira (14) no Proceedings of the Royal Society B, os especialistas explicam que existem diversos tipos de báculo, o que determina o formato da ponta do pênis e varia amplamente entre espécies. A equipe usou imagens de raios-X 3D para comparar os ossos de 82 espécies de carnívoros, incluindo cães, lobos, leões, ursos, lontras, morsas e martas. Eles concluíram que alguns desses ossos podem ter uma função batizada de "competição sexual pós-copulação".

Quando fêmeas acasalam com mais de um macho durante o mesmo ciclo de fertilidade, os espermatozoides desses animais competem para fertilizar os poucos óvulos disponíveis — e o novo estudo sugere que o báculo pode dar uma "ajudinha" para o macho que copulou por último. De acordo com as observações, o desenho da ponta do pênis pode deslocar os espermatozoides já presentes no trato reprodutivo, abrindo caminho para as células reprodutivas do novo parceiro.

"Realmente parece ter sido projetado apenas para retirar outro esperma e, em seguida, cavar o colo do útero", afirmou Charlotte Brassey, da Universidade Metropolitana de Manchester, no Reino Unido, e líder do estudo, à NewScientist.

Báculos de seis espécies diferentes. Da esquerda para direita, de cima para baixo: chacal-dourado, doninha-de-nuca-branca, suricate, texugo-do-mel, irara e lontra-europeia. (Foto: Brassey et al., Proceedings of the Royal Society B)

Báculos de seis espécies diferentes. Da esquerda para direita, de cima para baixo: chacal-dourado, doninha-de-nuca-branca, suricate, texugo-do-mel, irara e lontra-europeia. (Foto: Brassey et al., Proceedings of the Royal Society B)

A análise também revelou que, de um modo geral, animais com ossos penianos simples, lisos e retos são mais propensos a pertenceram a espécies que vivem em grupo, como elefantes-marinhos, focas cinzentas e morsas. Isso porque nesses sitemas apenas um pequeno número de machos bem-sucedidos é capaz de cruzar com um harém de fêmeas, ou seja, a competição de esperma é muito pequena.

Por outro lado, os animais com um báculo nodoso e de formato complexo, com pontas peculiares, são mais propensos a ser socialmente monogâmicos. Embora pareça contraintuitivo, pois esses machos estão em relacionamentos estáveis, os biólogos explicam que os animais ficam mais ansiosos para garantir sua paternidade, fazendo com que a competição permaneça alta.

Esqueleto de um furão com o báculo destacado em rosa (Foto: Brassey et al., Proceedings of the Royal Society B)

Esqueleto de um furão com o báculo destacado em rosa (Foto: Brassey et al., Proceedings of the Royal Society B)

Além disso, vale ressaltar que monogamia social não significa necessariamente monogamia genética. A chamada cópula extrapar, um comportamento promíscuo de acasalamento, é encontrada em muitas espécies monogâmicas, o que explicaria a funcionalidade direcionada à "competição sexual pós-copulação" do báculo.

"Como mamíferos, e mais especificamente como macacos, é incomum que os humanos não tenham um osso do pênis", ponderou Brassey, segundo o ScienceAlert. "Ao estudar o papel do báculo durante o acasalamento, também esperamos esclarecer por que alguns mamíferos, incluindo humanos e hienas, podem ter tanto sucesso na reprodução sem o báculo."