• Redação Galileu
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Manuscritos do Mar Morto são documentos de mais de 2 mil anos  (Foto: Schuetz et al., Science Advances, 2019)

Manuscritos do Mar Morto são documentos de mais de 2 mil anos (Foto: Schuetz et al., Science Advances, 2019)

Um estudo publicado no jornal Science Advances revelou a "tecnologia" de conservação que estaria por trás da incrível preservação dos Manuscritos do Mar Morto, um conjunto de textos hebraicos de mais de 2 mil anos achados entre as décadas de 1940 e 1950, por pastores que estavam à procura de suas cabras na região das cavernas de Qumran, atualmente localizado em território palestino, na Cisjordânia. 

Um total de 900 documentos são o que sobraram dos manuscritos — para o estudo, os pesquisadores analisararam o chamado "Pergaminho do Templo", o mais longo dos Manuscritos do Mar Morto, que mede mais de 7,5 metros.

O material do Pergaminho do Templo é um dos mais finos entre os manuscritos — a  grossura dele é de apenas um décimo de um milímetro — mas é o documento que está mais limpo para se escrever e é provavelmente o mais bem conservado, segundo os cientistas. 

Os pesquisadores recolheram um fragmento de 2,5 centímetros do Pergaminho do Templo e o investigaram com técnicas especiais para determinar a sua composição com o uso de um microscópio.

Havia no papel desse pergaminho específico ainda elementos químicos como sódio, cálcio e enxofre em proporções diferentes conforme a superfície. Os cientistas descobriram também que o documento é feito de uma mistura de sais com evaporitos — rochas sedimentares formadas por reações químicas feitas pelo contato de sais com a água.  

O papel de todos os Manuscritos do Mar Morto foram feitos de pele animal limpa e colocada em uma solução para ser tratada. Por último, o material era seco e muitas vezes era esfregado no sal.

Fragmento dos manuscritos no Museu Arqueológico de Ammán (Foto: Wikipedia Commons)

Fragmento dos manuscritos no Museu Arqueológico de Ammán (Foto: Wikipedia Commons)

Segundo o co-autor do estudo, Ira Rabin, da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, o estudo que revelou a composição do pergaminho pode ter implicações que vão muito além dos Manuscritos do Mar Morto, podendo servir para identificar outros documentos que podem ser estudados por historiadores. “Esse estudo mostra que no amanhecer dos manuscritos do Oriente Médio, várias técnicas estavam em uso, o que contrasta com a única técnica usada na Idade Média”, afirmou Rabin.

Encontrado por pastores que percorriam as cavernas de Qumram, no final da década de 1940, os Manuscritos do Mar Morto contam com uma série de fragmentos da Bíblia Hebraica, além de livros apócrifos e os preceitos dos essênios, antigo grupo judaico que vivia de modo reservado em Qumram.  

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