A hora do parto é uma ocasião muito aguardada pelas gestantes. Afinal, após longos meses carregando o bebê no "forninho", finalmente, chega o momento de trazê-lo ao mundo. Na reta final de gravidez, algumas mulheres buscam alternativas, como o consumo de determinados alimentos, para estimular o trabalho de parto. Dentre os mais famosos estão: a pimenta e o gengibre. Porém, nesses casos, surge a dúvida: será que essa prática realmente funciona?
Segundo Natalia Barros, nutricionista, especialista em saúde reprodutiva e fundadora da NB Clinic (SP), a relação entre a pimenta e o trabalho de parto é frequentemente mencionada em algumas culturas e crenças populares. "Acredita-se que a ingestão de pimenta ou alimentos picantes possa estimular o trabalho de parto e acelerar o processo de dar à luz. No entanto, é importante destacar que essa crença não é respaldada por evidências científicas sólidas", explica a especialista. Os defensores dessa teoria acreditam que a capsaicin — substância química responsável pelo sabor picante da pimenta, possa estimular as contrações uterinas, porém, faltam estudos para confirmar se essa hipótese seria válida.
Saiba semanalmente as mudanças que acontecem com você e seu bebê, durante a gestação. Assine grátis a newsletter da CRESCER: Gravidez Semana a Semana
Ao consumir a pimenta, também é importante ter cautela. Embora não haja estudos científicos que comprovem os malefícios do consumo desse alimento para o feto ou para a mulher durante a gestação, algumas mulheres relatam experimentar desconforto gastrointestinal, como azia ou indigestão, ao consumir alimentos picantes. Em casos isolados, é possível que esse quadro leve a contrações uterinas. No entanto, segundo a nutricionista, essas contrações são geralmente temporárias e não levam necessariamente ao início do trabalho de parto.
Assim como a pimenta, o gengibre também é frequentemente associado como um possível estimulante do trabalho de parto. "Entretanto, assim como acontece com a pimenta, a relação entre o gengibre e o trabalho de parto não possui evidências científicas consistentes que comprovem sua eficácia", alerta a nutricionista. "Alguns estudos sugerem que o gengibre pode ter propriedades que estimulam as contrações uterinas, mas essas descobertas são baseadas em pesquisas limitadas e inconclusivas. Não há consenso científico sobre a eficácia do gengibre na indução ou aceleração do trabalho de parto", destaca a especialista.
A nutricionista também ressalta que estimular artificialmente o trabalho de parto é uma atividade arriscada e não deve ser feita sem a supervisão de um profissional de saúde. Vale lembrar que existem métodos seguros e comprovados, como a indução médica, para iniciar o trabalho de parto quando necessário. "Portanto, se você está grávida e interessada em estimular o trabalho de parto, é essencial consultar seu médico ou profissional de saúde para obter orientação adequada e baseada em evidências", a especialista enfatiza.
Caso a gestante deseje utilizar um alimento para estimular o trabalho de parto, a tâmara, uma fruta originada da tamareira, uma espécie de palmeira, pode ser uma aliada. "Em alguns estudos, foi observado que o consumo de tâmaras pode favorecer o trabalho de parto, devido aos compostos que mimetizam a ação da oxitocina, um hormônio que auxilia na indução do parto", afirma a especialista. Esses trabalhos mostraram que as mulheres que consumiam tâmaras apresentaram um aumento significativo da dilatação do canal cervical, maior taxa de parto normal, uso menor de oxitocina artificial e menor necessidade de indução.
Além disso, a nutricionista menciona que a redução de açúcar e farináceos pode favorecer o afinamento do colo do útero, otimizando o trabalho de parto. O controle da glicemia também propicia bons níveis prostaglandinas, que são substâncias envolvidas na contração uterina.
Saiba como assinar a Crescer para ter acesso a nossos conteúdos exclusivos