Alberto era como um filho para o americano Tony Cavallaro, 64. Ele tinha uma alimentação natural e balanceada, suplementada com vitaminas, gostava de nadar na piscina e tinha ate seu próprio quarto em casa, feito sob medida para atender suas necessidades, digamos, peculiares. Quando seu “pai” viajava, ele ficava sob os cuidados da “avó”, que também dizia amá-lo. “Ela sentava-se no quarto dele com ele e lia com ele deitando a cabeça no pé dela”, descreve Tony. Ah, Albert é um crocodilo.
No entanto, recentemente, ele foi separado de seu pet, quando as autoridades de conservação da vida selvagem dos Estados Unidos foram até a residência e apreenderam o réptil. Os policiais foram à casa de Tony Cavallaro, em Buffalo, nos Estados Unidos, com um mandado, sedaram o crocodilo de 3,6 metros e 340 quilos, amordaçaram sua boca e o colocaram em um furgão, que o levou embora, para a tristeza do dono, que vivia com ele há mais de 30 anos e jura que o animal não representa perigo para ninguém.
Tony tinha uma licença para manter o animal em casa, mas o documento expirou em 2021, segundo o Departamento de Conservação Ambiental. Porém, ainda que a permissão tivesse sido renovada, ela seria cancelada por transgressão, já que Tony permitiu que outras pessoas acariciassem o réptil e até entrassem na piscina com ele, incluindo crianças. De acordo com as regras, isso seria negligência e justificaria a remoção do animal, considerado perigoso.
Albert nasceu em cativeiro e foi adquirido em uma feira de répteis com dois meses de idade. Tony diz que seu pet nunca mostrou sinais de agressividade em relação a pessoas e outros animais. Uma vez, diz ele, Albert era pequeno e foi encontrado enrolado na cama, junto com seu cachorro. “Ele é apenas um bebezão”, defendeu o dono, de acordo com o The Mirror. Ele também mostrou a foto de Albert com um crocodilo de pelúcia na boca, apoiando a papada em alguns travesseiros.
O homem contratou um advogado para tentar recuperar seu pet e seus amigos e vizinhos iniciaram uma campanha para reunir os dois. Uma petição online já reuniu mais de 120 mil assinaturas e as pessoas até criaram camisetas e bottons, onde se lê “Libertem Albert”.
Tony chegou a gastar US$ 120 mil em uma reforma em casa, projetada para atender às necessidades do animal. A obra incluiu a instalação de um piso aquecido, um lago interno com cachoeira e jato de spa, além de plantas tropicais. “Está tudo tão vazio”, lamenta ele, que não sabe para onde Albert foi levado.
O homem admite que deixou, sim, que vizinhos e conhecidos, incluindo crianças, se aproximarem de Albert, posando para fotos, fazendo carinho e entrando na água com ele, de vez em quando. Mas ele diz que Albert é muito carinho e corre para a beira da piscina para “cumprimentar” as visitas. A mãe de Tony, uma senhora de 84 anos, cuidava do pet quando ele viajava. “Ela sentava-se no quarto dele com ele e lia com ele deitando a cabeça no pé dela”, relata.
A licença tornou-se um problema após uma mudança nos regulamentos para posse de animais perigosos, adotada pelo Departamento de Conservação Ambiental em 2020. Depois que a licença de Tony expirou em 2021, ele não conseguiu regularizar a área de detenção para garantir que o crocodilo não representasse um perigo para o público, conforme alega a agência. O homem afirma que tentou, sem sucesso, descobrir o que tinha de fazer para renovar a licença e acredita que teria recebido a autorização pelos regulamentos antigos.
O crocodilo vive com dieta de frango cru e costeletas de porco complementadas com vitaminas e agora está sob os cuidados de um veterinário. Funcionários do Departamento Ambiental se recusaram a dizer onde Albert está sendo mantido. Em nota, a agência disse apenas que ele está com “um cuidador licenciado que irá abrigar e cuidar do animal até que ele possa ser transportado adequadamente para cuidados permanentes”.