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Mulher grávida apagando cigarro (Foto: Thinkstock)

Mulher grávida apagando cigarro (Foto: Thinkstock)

O cigarro talvez seja o vício mais difícil de abandonar. Além da dependência química, causada pela nicotina, existe uma dependência emocional e psicológica. E as consequências são devastadoras. A Organização Mundial da Saúde atribui ao tabaco a morte de 7 milhões de pessoas por ano em todo mundo. A maioria perece em decorrência de doenças associadas ao cigarro, que é responsável por cerca de 16% de todas as mortes provocadas por doenças crônicas não transmissíveis.

E no caso das famílias, o cigarro pode provocar estragos não apenas na saúde dos pais, mas também das crianças. Grávidas que fumam podem causar prejuízos aso bebê ainda dentro da barriga. Confira 10 razões para largar definitivamente o cigarro:

1. O cigarro diminui a fertilidade
Ele reduz a chance de engravidar porque interfere na capacidade e na qualidade ovulatórias. Na reprodução assistida, a taxa de fecundação é menor entre as tabagistas. O sucesso nas tentativas é 2,7 vezes maior nas mulheres não-fumantes. Quando o parceiro fuma, a qualidade do sêmen também é inferior.

2. Aumenta a chance de gravidez ectópica
O óvulo fecundado chega ao útero pelas trompas, por meio da movimentação dos cílios, pequenas hastes que o 'empurram'. O cigarro provoca lentidão nos cílios, que é a principal causa da gravidez ectópica (nas trompas). A gestação tem de ser interrompida, pois o feto começa a se desenvolver fora do útero. Nas fumantes de até 10 cigarros por dia, o risco aumenta 1, 4 vez. Com 30 cigarros, eleva-se em até cinco vezes.

3. Maior risco de aborto espontâneo
A chance de aborto varia de 15% a 20% e, entre as grávidas fumantes, o número pode ser duas a três vezes maior. O cigarro prejudica a vascularização da região uterina, dificultando a implantação do embrião. Todos os tecidos do corpo ficam menos oxigenados porque a fumaça 'rouba' espaço do oxigênio nos pulmões e no sangue.

4. Descolamento prematuro da placenta
Acredita-se que o cigarro seja responsável por até 40% dos casos de descolamento, que ocorre em uma gestação a cada 200. Significa a separação da placenta em relação ao útero antes do momento desejável. O tabaco a favorece, principalmente quando associado à hipertensão, porque fragiliza os vasos sanguíneos, levando à ruptura da placenta. O problema ocorre mais no final da gravidez e costuma ser fatal para metade dos bebês. Eles deixam de receber oxigênio e nutrientes.

5. Mais casos de placenta prévia
Quando a placenta se implanta em locais inadequados do útero, como próximo ao colo uterino, obstrui a passagem do bebê no parto. Em uma gestação, o risco de isso acontecer é de 0,5% e duplica na grávida fumante. A placenta normal fica no fundo do útero ou em suas laterais. O cigarro pode alterar essa localização por diminuir a oferta de oxigênio e nutrientes ao tecido uterino. Isso obriga a placenta a se expandir em busca de local mais 'nutritivo'. A conseqüência são hemorragias.

6. Agravamento da hipertensão
O tabagismo aumenta o ritmo cardíaco em 10 a 20 batimentos por minuto e a pressão arterial em 5 a 10 pontos porque a nicotina do cigarro provoca contração das artérias e dos vasos. O sangue fica, então, sob maior pressão, agravando a hipertensão em gestantes que têm o problema. A hipertensão é a principal causa de morte materna no Brasil. Sem controle, provoca a eclâmpsia (caracterizada por convulsões). Altera também a passagem de nutrientes para o bebê.

7. Maior índice de parto prematuro
A incidência de parto prematuro é cerca de 25%. Na gestante que fuma, a probabilidade se eleva para 40%. A menor oxigenação corporal estimula as contrações uterinas e o cigarro é um desses agentes. A prematuridade implica vários riscos, entre eles o de insuficiência pulmonar, deficiências metabólicas e baixa resistência.

8. Baixo peso do bebê ao nascer
A gestante que fuma tem risco quatro vezes maior de ter um bebê com baixo peso, porque o cigarro restringe o oxigênio e os nutrientes para o feto. Estudos apontam que a vitamina C, por exemplo, é destruída duas vezes mais rapidamente no organismo do fumante. Nas mulheres que consomem dois maços de cigarro por dia, há redução de 60% no fluxo de sangue que vai para o feto. Os bebês de mães fumantes nascem, em média, com 200 gramas a menos, o que faz aumentar em 30% a possibilidade de complicações no parto e no primeiro ano de vida. Bebês menores toleram menos dificuldades no trabalho de parto, como um procedimento prolongado. Após o nascimento, apresentam maior índice de internação em berçário, por problemas renais e respiratórios, entre outros. No primeiro ano de vida, mostram-se mais frágeis para infecções.

9. Síndrome da Morte Súbita (Sids)
Os filhos de mães fumantes têm cinco vezes mais chance de ter a síndrome da morte súbita, caracterizada por parada respiratória durante o sono. O dado se baseia na presença do cigarro nos casos estudados, mas não se conhece bem a relação com a síndrome. Acredita-se que a nicotina interfere no desenvolvimento do tronco cerebral do feto. Em experimentos com ratos, constatou-se que o monóxido de carbono, outro componente do cigarro, retarda a maturação de células cardíacas do feto.

10. Rendimento baixo na escola
As informações são controversas: a maioria das pesquisas destaca a presença do cigarro nos casos estudados, mas não é precisa quanto ao mecanismo de sua influência. Alguns levantamentos indicam que a exposição do bebê à fumaça do cigarro pode ocasionar hiperatividade, déficit de atenção e baixo rendimento escolar. Pesquisas mostram que filhos de mulheres que fumaram 10 ou mais cigarros por dia na gestação apresentam atraso no aprendizado de três meses para habilidades gerais. Há também registro de problemas comportamentais. Um estudo com mais de 2.000 crianças aponta que fumar, principalmente no início da gravidez, pode aumentar em 40% o risco de autismo.