• Gladys Magalhães
Atualizado em
Produtos de limpeza são um perigo para as crianças (Foto: Thinkstock)

Produtos de limpeza são um perigo para as crianças (Foto: Thinkstock)

As cápsulas de detergentes utilizadas em máquinas de lavar louça e roupa foram as principais responsáveis pela intoxicação de crianças por produtos de limpeza nos Estados Unidos, nos últimos anos.

Coloridas, as embalagens lembram doces e essa pode ser uma explicação para o fato desses produtos reponderem por 60% das mais de 62 mil chamadas recebidas pelos centros de controle de envenenamento norte-americanos, entre os anos de 2013 e 2014, para atender crianças menores de 6 anos.

Os dados são de um estudo  publicado recentemente no periódico Pediatrics, da  American Academy of Pediatrics ("Academia Americana de Pediatria", em português) e revelam que a exposição de crianças a esse tipo de produto tem crescido com o passar dos anos, aumentando em 17% o número de acidentes. No período estudado, 117 crianças foram entubadas por exposição a itens de limpeza. Destas, 104 ingeriram ou manipularam cápsulas de detergente para máquinas de lavar e duas foram a óbito.

No Brasil


Por enquanto, as cápsulas, cuja grande promessa é facilitar a vida das pessoas por já virem na medida certa para a lavagem, não são muito populares no Brasil. Porém, os acidentes envolvendo produtos de limpeza e crianças na faixa etária de 1 a 4 anos ocupam a segunda colocação no ranking  do Sistema de Informações Toxicológicas da Fiocruz (SINITOX), perdendo apenas para os medicamentos.

“Podemos observar que houve um aumento significativo na oferta de produtos de limpeza nos últimos anos e eles estão cada vez mais chamativos, o que aumenta o interesse das crianças. Além disso, as tampas das embalagens não oferecem muita resistência, o que facilita o contato da criança com esse tipo de produto”, explica a professora Rosany Bochner, coordenadora do SINITOX.

Segundo os dados mais recentes da Fiocruz, em 2013, foram registrados no Brasil 9.507 casos de intoxicação de crianças, entre 1 e 4 anos.  Desse total, 1.767 ocorrências envolviam produtos de limpeza.

Na opinião do toxicologista Anthony Wong, diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da USP, além das empresas, os pais também são responsáveis por evitar esse tipo de acidente. “As crianças, por natureza, são curiosas. Os produtos de limpeza são coloridos, possuem cheiro agradável. É obrigação dos adultos guardar estas coisas em um lugar de difícil acesso, pois é melhor prevenir do que remediar”, diz Wong.

O que fazer em caso de contato


As consequências da manipulação ou ingestão dos itens de limpeza pelas crianças vão desde simples enjoos até  ocorrências mais graves, como queimadura, congestão respiratória e parada cardíaca.

Para evitar que seu filho tenha contato com produtos de limpeza, mantenha-os sempre em locais altos e em embalagens adequadas. Evite, por exemplo, a compra de produtos de fabricação caseira que, geralmente, são acondicionados em garrafas pet. Eles podem ser confundidos com refrigerantes.

Se, ainda assim, a criança tiver contato com algum destes itens, a orientação é tentar manter a calma e ligar para o centro de intoxicação mais próximo, explicando o que aconteceu. Em São Paulo, o número é 0800-148110. Em outras cidades, basta ligar para o disque-intoxicação (0800-7226001) para ser direcionado ao centro mais proximo. Na impossibilidade de conseguir contato com um centro, busque ajuda no Corpo de Bombeiros (193).

"É importante não oferecer água ou leite para o intoxicado, pois, em vez de diluir a substância, eles acabam espalhando e tornando a lesão muito maior”, ressalta Wong.
 

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