As novas gerações terão de enfrentar o enorme desafio de lidar com as mudanças climáticas nos próximos anos. Esse cenário vem preocupando muitos especialistas e também tem repercutido na educação. Mais da metade dos professores na Inglaterra são a favor de ensinar as crianças a agirem diretamente contra as mudanças climáticas, de acordo com uma pesquisa, liderada pela Universidade de Bristol, Inglaterra

Segundo a instituição, a pesquisa é a maior do tipo já feita no Reino Unido e envolveu o questionamento de 626 professores primários e secundários em toda a Inglaterra. Os resultados revelaram que os profissionais da educação acreditavam quase que unanimemente em um currículo de mudança climática focado em ações, incorporado em todas as disciplinas, começando com projetos de conservação no início da escola primária. A maioria (54%) também acreditava que temas em relação à participação em protestos pacíficos deveriam ser incluídos no currículo escolar. 

“Os professores querem que seus alunos sejam informados sobre a emergência climática. Eles estão prontos e dispostos a avançar com programas radicais de educação orientados para a ação que podem ajudar os alunos a conduzir nossa resposta às mudanças climáticas", disse Paul Howard-Jones, professor de neurociência e educação e autor principal da pesquisa. 

O estudo, publicado no periódico acadêmico Environmental Education Research, também descobriu que cerca de três quartos (72%) dos entrevistados já estavam ensinando ou conversando sobre mudanças climáticas com seus alunos, em comparação com menos da metade (42%) dos professores nos EUA, de acordo com pesquisas recentes.

Em geral, os dados sugerem que os professores na Inglaterra estão mais alinhados com a opinião científica sobre a urgência e a gravidade da crise climática. Quase todos (97%) dos professores entrevistados na Inglaterra acreditam que a mudança climática foi causada por humanos, em comparação com apenas 39% dos professores entrevistados nos Estados Unidos. Quase um em cada cinco (19%) dos professores na Inglaterra achava que a mudança climática era mais importante para financiamento posterior do que as disciplinas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e perdia apenas para a alfabetização básica (42%). Isso é quase quatro vezes o número de professores nos Estados Unidos que priorizariam as mudanças climáticas (5%).

Foto ilustrativa: Protesto contra mudanças climáticas (Foto: Saph Photography do Pexels)

Foto ilustrativa: Protesto contra mudanças climáticas (Foto: Saph Photography do Pexels)

Na Inglaterra, a educação obrigatória sobre mudança climática é limitada a aulas de Ciências e Geografia na escola secundária, com Geografia apenas obrigatória para alunos de 11 a 14 anos. O currículo aborda como os processos humanos e físicos têm interagido historicamente para influenciar e mudar paisagens, ambientes e o clima. No entanto, não exige que os alunos entendam o impacto mais amplo das mudanças climáticas no meio ambiente, na economia e na sociedade, incluindo injustiças sociais e dimensões éticas.

O ensino voltado para a promoção da mudança de comportamento também tende a se limitar a ações individuais de baixo impacto. Porém, mais da metade (51%) das escolas em toda a Inglaterra não são obrigadas a seguir o Currículo Nacional, criando espaço para mais liberdade no estilo e conteúdo da educação sobre mudanças climáticas.

“Apesar de estar sub-representado no Currículo Nacional, a mudanças climática é algo que muitos jovens têm paixão. "Crianças em idade escolar foram inspiradas por Greta Thunberg, que demonstrou a importância do protesto pacífico para aumentar a conscientização sobre a crise climática e estimular mudanças individuais e em grande escala", afirma o professor Howard-Jones. “Nossa pesquisa indica que os professores estão preparados para apoiar seu ativismo por meio de uma abordagem orientada à ação para a Educação para as Mudanças Climáticas. Com a COP26 [conferência sobre o clima] sendo sediada no Reino Unido em novembro, nunca houve melhor momento para refletir sobre como estamos preparando os jovens para a questão definidora de hoje”.

Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui

um só planeta rodapé novo (Foto: Crescer)

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