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Amamentação; mãe; filho; recém-nascido (Foto: Shutterstock)

60% dos bebês não são amamentados na primeira hora de vida (Foto: Shutterstock)

Estamos na 26ª Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), que acontece de 1 a 7 de agosto, mas apesar de o tema estar cada vez mais presente em debates, tanto na vida real, como nas redes sociais, um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontou para dados preocupantes. Em 76 países analisados, 60% dos recém-nascidos não são amamentados na primeira hora de vida (o equivalente a 78 milhões de bebês ao ano), o que é primordial para a saúde do bebê. É neste momento, também conhecido como golden hour ou hora dourada, que o colostro (líquido amarelado que desce antes do leite materno) é extremamente rico em anticorpos e nutrientes. De acordo com as duas entidades, o atraso de algumas horas para oferecer o peito ao bebê pode representar consequências com risco de vida.

Estudos citados no relatório mostram que os recém-nascidos que eram amamentados entre 2 a 23 horas após o nascimento tiveram um risco 33% maior de morrer do que os que mamaram no peito já na primeira hora de vida.

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"Mães não estão recebendo apoio suficiente para amamentar dentro daqueles minutos cruciais após o nascimento, mesmo dos profissionais de saúde dentro dos hospitais.”, afirmou, em nota, a diretora do Unicef, Henrietta H. Fore. O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ressaltou: “Precisamos urgentemente ampliar o apoio às mães - seja de membros da família, profissionais de saúde, empregadores e governos - para que elas possam dar a seus filhos o começo que merecem”.

Ainda segundo o documento, a maior parte dos bebês que não foram amamentados na primeira hora de vida nasceu em países de baixa e média renda. Os dados apresentados sobre o Brasil são de 2006 e mostram que 42,9% das crianças no país tiveram a chamada “iniciação precoce do aleitamento”, que é a amamentação nos primeiros minutos de vida. Na Argentina esse número é de 52,7% (dados de 2011), enquanto no México o índice de 2016 apontou para 51%. A média mundial é de 42%.

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O que está impedindo a amamentação na primeira hora de vida?

Entre os fatores que contribuem para que os recém-nascidos não sejam levados ao peito da mãe nos primeiros minutos de vida, segundo o relatório, estão o fato de profissionais de saúde ou outros familiares alimentarem o bebê com fórmula infantil e o aumento no número de cesarianas desnecessárias, o que também interfere no contato que a mãe tem com o bebê na primeira hora de vida, sendo um complicador para o aleitamento precoce.

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Na primeira hora e nos primeiros anos

Além de recomendar a amamentação na primeira hora de vida, a OMS também preconiza que as crianças recebam o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e como complemento até os 2 anos ou mais. O ato estimula o vínculo afetivo entre mãe e filho. Vale lembrar também que o leite materno é o melhor alimento para o bebê, pois conta com anticorpos que protegem a criança de várias doenças, como diarreias, resfriados e alergias.

Em um outro relatório divulgado há um ano, também pela OMS e pelo Unicef, mostrou que apenas 39% das crianças brasileiras se alimentam exclusivamente com o leite materno nos primeiros 5 meses de vida. A média mundial, considerando os seis meses recomendados pela OMS, varia de 20% a 40%. Quando analisados os dados de amamentação de crianças de até 1 ano de idade, a taxa brasileira fica em 48%, dentro da média mundial, que vai de 40% a 60%. O número cai para 26% na amamentação prolongada arte os 2 anos de vida do bebê. Dados mundiais apontam para uma média que fica entre 20% e 40%.