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O fenômeno que ficou conhecido como covid longa ou pós-covid continua sendo estudado por cientistas do mundo inteiro. Afinal, é intrigante o motivo pelo qual alguns pacientes continuam a ter sintomas da doença, mesmo depois de muitos dias, ainda que os testes permaneçam negativos, ou seja, não há mais uma quantidade de vírus detectável no organismo. Agora, pela primeira vez, um novo estudo internacional analisou a ocorrência do problema em crianças e mostrou a frequência com que acontece e quais pacientes estão mais sujeitos.

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Como aliviar a tosse do bebê (Foto: Thinkstock Photo)

Como aliviar a tosse do bebê (Foto: Thinkstock Photo)

A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Calgary, no Canadá, analisou dados de 1884 crianças que testaram positivo para covid-19 em atendimentos de emergência. Os dados foram coletados de 36 unidades de pronto-socorro, de 8 países diferentes. Os autores do trabalho consideraram covid longa nos casos em que as crianças demonstravam qualquer sintoma persistente ou novo ou problemas de saúde recorrentes reportados ao longo dos 90 dias acompanhados pelo estudo.

Segundo os cientistas, 5,8% das crianças que testaram positivo tiveram sintomas que foram considerados covid longa depois de 90 dias. O estudo apontou também que o problema era mais frequente em alguns casos específicos, como os de crianças que precisavam ficar hospitalizada por, pelo menos 48 horas, crianças que apresentavam, no mínimo, quatro sintomas quando chegaram ao atendimento de emergência e em adolescentes maiores de 14 anos. Os resultados também sugerem que os sintomas mais comuns em crianças com covid longa são cansaço e fraqueza. Tosse, dificuldade para respirar e respiração curta são as queixas que vieram logo em seguida.

Entre as crianças que precisaram ficar internadas por 48 horas ou mais, a taxa de covid-longa foi de 9,8%, em comparação a 4,6% do restante dos pacientes analisados.

"Nossa descoberta de que crianças que tiveram vários sintomas de covid-19 inicialmente tinham um risco maior de ter covid longa é consistente com estudos em adultos", disse o co-autor principal, o médico Todd Florin, do Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie de Chicago e da Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, em um comunicado à imprensa. "Mais pesquisas são necessárias nesta área. No entanto, se os sintomas forem significativos, o tratamento direcionado a essas queixas é mais importante”, afirmou o especialista.

Apesar de demonstrar dados importantes sobre como a covid-longa afeta pacientes infantis, o estudo teve algumas limitações e, por isso, são necessárias novas pesquisas, mais aprofundadas. Os pesquisadores ressaltam que pode haver sintomas subnotificados pelos cuidadores. Outro ponto é o que trabalho só incluiu pacientes inscritos até janeiro de 2021, ou seja, é necessário avaliar se o comportamento permanece igual ou semelhante no caso das variantes que vieram depois dessa data, como a Omicron.

Como o estudo analisou dados anteriores a 2021, ele também não identifica se as crianças foram vacinadas ou não. Segundo os cientistas, porém, a maioria não tinha recebido imunizantes até então.

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