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Entre 2019 e 2021, a taxa de vacinação infantil sofreu a maior queda dos últimos 30 anos de acordo com dados oficiais de 177 países, incluindo o Brasil, publicados nesta sexta (15) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Proteja seu filho com as vacinas necessárias para a idade dele  (Foto: Thinkstock)

De acordo com os órgãos, a porcentagem de crianças que receberam três doses da vacina contra difteria, tétano e coqueluche – um marcador de cobertura vacinal – caiu 5 pontos percentuais entre 2019 e 2021 e foi para 81%. Como resultado, 25 milhões de crianças ficaram sem uma ou mais doses do imunizante. A cobertura da primeira dose contra o sarampo também caiu para 81% em 2021, o nível mais baixo desde 2008. Da mesma forma, em comparação com 2019, mais 6,7 milhões de crianças perderam a terceira dose da vacina contra a poliomielite e 3,5 milhões perderam a primeira dose da vacina contra o HPV - que protege meninas contra o câncer do colo do útero.

Segundo a OMS e a Unicef, a queda da vacinação infantil deveu-se a muitos fatores, incluindo um número crescente de crianças que vivem em ambientes de vulnerabilidade e conflito, onde o acesso à imunização é muitas vezes desafiador; aumento da desinformação em relação a vacinas; e problemas relacionados à pandemia de covid-19, como interrupções de vacinação por governos, falhas na cadeia de suprimentos, desvio de recursos destinado à vacinação para combater à covid e medidas de contenção contra o coronavírus que limitaeam o acesso e a disponibilidade do serviço de imunização.

“Este é um alerta vermelho para a saúde infantil. Estamos testemunhando a maior queda sustentada na imunização infantil em uma geração. As consequências serão medidas em vidas”, disse Catherine Russell, Diretora Executiva do Unicef. “Embora parte da queda na vacinação infantil fosse esperada por causa de interrupções e bloqueios para conter a covid-19, o que estamos vendo agora é um declínio contínuo. Covid-19 não é desculpa. Precisamos recuperar a imunização das milhões de crianças que ficaram para trás ou inevitavelmente testemunharemos mais surtos, mais pequenos doentes e maior pressão sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados”.

Entre os países com menores taxas de imunização estão Índia, Nigéria, Indonésia, Etiópia e Filipinas. O Unicef e a OMS alertaram ainda que a queda nas taxas de imunização está acontecendo em um cenário de aumento de desnutrição infantil aguda grave. De acordo com a nota, uma criança desnutrida já tem imunidade enfraquecida e vacinas perdidas podem significar que doenças comuns da infância rapidamente se tornem letais para ela. “A convergência de uma crise de fome com uma crescente lacuna de imunização ameaça criar as condições para uma crise de sobrevivência infantil”, afirmam os órgãos. “Níveis de cobertura inadequados já resultaram em surtos evitáveis de sarampo e poliomielite nos últimos 12 meses, ressaltando o papel vital da imunização na manutenção da saúde de crianças, adolescentes, adultos e sociedades”.