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Quando Teddie Walne, 1 ano e 5 meses, acordou na manhã da Páscoa, ele estava com uma mancha vermelha na cabeça, que rapidamente se espalhou para a barriga. Preocupada, a mãe dele, Zoe, ligou para o serviço de emergência e foi orientada a observar o filho, enquanto aguardava que o médico retornasse a ligação, em cerca de duas horas. Ela colocou o menino no carro e foi para a casa de sua mãe e, quando chegou lá, viu que as manchas tinham ficado roxas, como hematomas. Ela não quis mais esperar e correu para o pronto-socorro em Lancashire, na Inglaterra.

O bebê ficou em estado grave, mas sua vida foi salva pela mãe, que o levou rapidamente para o pronto-socorro (Foto: Reprodução/ The Mirror)

O bebê ficou em estado grave, mas sua vida foi salva pela mãe, que o levou rapidamente para o pronto-socorro (Foto: Reprodução/ The Mirror)

+ Neto do Lula: por que a meningite pode matar em poucas horas?

Ao chegar lá, os médicos suspeitaram de meningite - e o diagnóstico foi confirmado logo. "Os médicos me disseram 'você precisa saber que salvou a vida dele, porque se você tivesse esperado o médico te ligar de volta, Teddie não estaria aqui agora'”, contou Zoe, ao The Mirror.

Os médicos vão precisar amputar os dedos de Teddie, segundo a mãe (Foto: Reprodução/ The Mirror)

Os médicos vão precisar amputar os dedos de Teddie, segundo a mãe (Foto: Reprodução/ The Mirror)

O atendimento teve cenas de horror, segundo a mãe. Os médicos explicaram para ela que precisavam agir rápido e não teriam tempo de esperar o efeito de anestésicos ou medicamentos para alívio da dor. "Eu estava começando a ficar com medo. Eles disseram que seria muito desagradável porque não tinham tempo para esperar o efeito dos medicamentos e precisavam perfurar as tíbias [os ossos das canelas] dele. Ele estava começando a sangrar pela boca e pelo nariz, era simplesmente aterrorizante", relatou.
O garoto precisou ficar internado na UTI, em coma. Ele ainda está em tratamento e os médicos disseram que terão de amputar cinco dedos das mãos e cinco dos pés, por conta de infecção no sangue, causada pela meningite.

Depois de alguns dias em coma, Teddie foi se fortalecendo e conseguiu respirar por conta própria. O menino ainda está passando por vários exames para saber se suas funções cerebrais foram afetadas pelo tempo que passou sem oxigenação, com o sangue infectado
"Acho que nunca rezei tanto na minha vida. Ele tem sido um guerreiro. Continuo agradecendo às minhas estrelas da sorte por ele estar aqui”, disse Zoe.

O que é meningite e como ela afeta as crianças?

As meningites virais costumam ser benignas, sem grandes complicações neurológicas e, geralmente, não necessitam de tratamento, com exceção dos quadros provocados pelo vírus da herpes, contra o qual existe um medicamento específico.

Já as meningites bacterianas, especialmente ocasionadas pelos micro-organismos pneumococo, meningococo e hemófilos, são mais sérias e exigem tratamento urgente e rigoroso com antibióticos. “Essas bactérias liberam toxinas progressivamente, tornando a infecção cada vez mais grave”, explica o infectologista Eitan Berezin, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Os sintomas da meningite são variados e não tão simples de serem identificados, já que podem se confundir com os de outras doenças comuns, ao incluir febre, dor de cabeça, vômitos, rigidez na nuca, irritabilidade, choro e tensão na moleira. A presença de pequenas manchas avermelhadas na pele, chamadas de petéquias, é verificada eventualmente.
A pediatra Heloísa Giamberardino, coordenadora do centro de vacinas do Hospital Pequeno Príncipe (PR), ressalta que identificar a doença nas crianças é ainda mais difícil do que nos adultos. Por isso, os pais nunca devem subestimar os sinais e precisam buscar auxílio médico, especialmente se houver febre alta.

Se não tratados, os episódios bacterianos representam um risco muito alto de morte aos infectados. A demora no diagnóstico da doença também pode levar a sequelas, como surdez, amputações e alterações neurológicas. “As meningites do tipo meningocócico, em especial, são traiçoeiras. As crianças, muitas vezes, chegam ao hospital apenas com febre, andando, conversando, sem sinais de infecção grave e, em poucas horas, esse quadro muda drasticamente”, alerta Heloísa.

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