• Crescer Online com Agência Brasil
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O mundo enfrentará uma quarta onda da pandemia do novo coronavírus? Para a diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), a brasileira Mariângela Simão, isso já está acontecendo. Ela abordou a situação da pandemia na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.

Máscaras de proteção contra covid-19 (Foto: Karolina Grabowska/Pexels)

Máscaras de proteção contra covid-19 (Foto: Karolina Grabowska/Pexels)

“Estamos vendo a ressurgência de casos de covid-19 na Europa. Tivemos nas últimas 24 horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E isso que há subnotificação em vários continentes. O mundo está entrando em uma quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia”, afirmou Mariângela Simão.

De acordo com a diretora, o vírus continua evoluindo com variantes mais transmissíveis. No entanto, houve uma dissociação entre casos e mortes, pelo fato da vacinação ter reduzido os óbitos decorrentes da covid-19. Ela lembrou que a imunização reduz as hospitalizações, porém, não interrompe a transmissão.

A diretora avaliou que os novos picos na Europa se devem à abertura e flexibilização das medidas de distanciamento no verão (entre junho e setembro), além do uso inconsistente de medidas de prevenção em países e regiões. “O aumento da cobertura vacinal não influencia na higiene pessoal, mas tem associação com diminuição do uso de máscaras e distanciamento social. Além disso, há desinformação, mensagens contraditórias que são responsáveis por matar pessoas”, pontuou a diretora-geral adjunta da OMS.

Para ela, a desigualdade no acesso às vacinas no mundo é um problema grave. “Foram aplicadas mais de 7,5 bilhões de doses. Em países de baixa renda, há menos de 5% das pessoas com pelo menos uma dose. Um dos fatores foi o fato de os produtores terem feito acordos bilaterais com países de alta renda e não estarem privilegiando vacinas para países de baixa renda”, disse. 

Outro obstáculo é a concentração das vacinas em poucos países que dominam tecnologias utilizadas para a produção de vacinas, como o emprego do RNA mensageiro, como no caso do imunizante da Pfizer-BioNTech. Simão explica que o futuro da pandemia depende de uma série de fatores. O primeiro é a imunidade populacional, resultante da vacinação e da imunização natural. O segundo é o acesso a medicamentos. O terceiro é como irão se comportar as variantes de preocupação e do quão transmissíveis elas serão.

Mariângela Simão também ressaltou a importância de adotar iniciativas de saúde pública e a aderência da população a essas políticas. “Onde medidas de saúde pública são usadas de forma inconsistente os surtos continuarão a ocorrer em populações suscetíveis”, declarou. A diretora da OMS defendeu que além dessas medidas de prevenção é preciso assegurar a equidade no acesso a vacinas, terapias e testagens. “São vacinas, mas não somente vacinas”, alertou. 

Américas e Brasil

A diretora também avaliou como está a situação do vírus nas Américas e, principalmente, no Brasil. Segundo ela, as Américas vêm tendo um comportamento de transmissão comunitária continuada, com ondas repetidas. Quanto ao Brasil, ela avaliou que o programa de vacinação está andando bem. Mas, a partir da situação na Europa, a diretora se mostrou receosa com o futuro da pandemia no Brasil pelas discussões em curso sobre o Carnaval. “Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o Carnaval. É uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022”, alertou.

Com informações da Agência Brasil