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Animal teria tentado enterrar a criança (Foto: ILUSTRATIVA/-TRiNiTY-/Flickr)

Animal teria tentado enterrar a criança (Foto: ILUSTRATIVA/-TRiNiTY-/Flickr)

Um bebê, que tinha apenas um dia de vida, foi atacado por um Rottweiler de dois anos em uma casa no subúrbio de Enderley, em Hamilton, na Ilha Norte da Nova Zelândia, na noite de domingo (25).

Ele foi levado às pressas para o Hospital Waikato com ferimentos graves, mas infelizmente morreu horas depois. A vizinha, que se identificou apenas como Karen, foi uma das primeiras pessoas a aparecer na cena após a tragédia. Em entrevista à Stuff, ela contou que depois de ouvir um barulho, pensou que o animal havia escapado da propriedade mais uma vez. Mas, ao se aproximar da cena, viu a mãe sentada na grama com o bebê ferido nos braços. A criança ainda gemia, como se estivesse com dor, enquanto aguardavam a chegada da ambulância.

Karen disse que o cachorro da família agarrou o bebê enquanto a mãe usava o banheiro. Segundo ela, o cão tentou enterrar o recém-nascido, que estava sujo de terra, no quintal. “A coisa toda é horrível, toda vez que fecho os olhos, eu lembro”, disse ela. Karen disse que o Rottweiler escapou da propriedade mais cedo e ela ajudou a pegar o animal. Ao devolver o cachorro, ela conheceu o bebê recém-nascido. A nova mãe tinha orgulhosamente mostrado o bebê à vizinha. "Ele, obviamente, significava muito para ela", disse.

O cão foi apreendido e preso na instalação de controle de animais da Câmara Municipal de Hamilton. A gerente de controle de animais, Susan Stanford, disse que uma decisão sobre o futuro do animal ainda não foi tomada. “A equipe recolheu o cão e agora está seguro nas instalações de controle de animais do conselho”, disse ela. "Este é um momento traumático para todos os envolvidos e nossos pensamentos estão com as famílias", completou.

Dados obtidos pelo Ministério da Saúde da Nova Zelândia revelaram que havia 4.958 ataques de cães que exigiram hospitalização entre 2004 e 2014. A pesquisa descobriu que a maioria dos ataques acontece em casa, sendo as crianças menores de 10 anos as mais vulneráveis.

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COMO EVITAR ATAQUES

"É muito comum ouvir que um cão que normalmente era dócil, atacou de repente. Mas, na verdade, nenhum animal, de nenhuma espécie, 'ataca de repente'. Antes, eles vão dando alguns sinais, o problema é que as pessoas não identificam ou não sabem identificar esse sinais", explica a comportamentalista canina Renata Gomes de Lima, proprietária do Bangalô Dog Hostel (SP). "O que existe, hoje, é uma falta de conhecimento, de saber como os animais funcionam. As pessoas recebem muitas informações sobre os pets, como sendo um 'brinquedo fofinho', mas, na verdade, os cães são animais predadores na natureza. Eles atacam por diversos motivos e não apenas porque querem agredir ou destruir. Normalmente, isso acontece quando eles têm suas necessidades negligenciadas. Cães não são crianças, eles não são seres humanos, são de outra espécie e, portanto, têm outra maneira de viver", alerta.

Segundo a especialista, a noção de espaço dos animais é completamente diferente de um humano. "Eles têm muito forte essa questão de invasão de espaço. Um animal que tem seu espaço invadido acaba tendo uma reação. Não existe emoção ou ciúmes, o que existe é ação e reação", explica. Abaixo, reunimos algumas dicas da especialista que podem ajudar a ter uma boa relação com o animal e evitar acidentes:

Atenda às necessidade do animal
As necessidades dos cães são simples: eles precisam caminhar — isso faz com que tenham equilíbrio mental e físico — alimentar-se e descansar. Se você propuser essa rotina estruturada diariamente, ele será um animal mais equilibrado.

Conheça seu cão
Os cãos sempre dão sinais de que algo está errado. De uma forma genérica, quando ele se curva para trás, está acoado e cães atacam muito mais por medo do que por agressividade. Portanto, um cão que tem medo é mais perigoso, mas isso são sinais genéricos. Para fazer uma boa leitura de um animal é preciso conhecê-lo, obervá-lo e conviver com ele. Quando você coloca um cão dentro de casa, precisa estar disposto a construir um relacionamento interespécies. É fundamental entender quais são as necessidades dele, o que é preciso para suprí-las e o que esse animal precisa aprender e entender sobre a rotina da família para fazer parte do contexto humano. Quando você negligencia isso, acaba criando desiformação.

Construa um relacionamento
Quando se tem um animal e uma criança em casa é importante gerenciar a estrutura. Para que um cão tenha respeito pela criança é fundamental separar os espaços. Toda vez que inserir uma pessoa nova no espaço dos cães, ou até um cão novo, precisa fazer uma apresentação para que entendam que aquele ser não é uma ameaça, e que você, enquanto lider desse grupo, é a referência. E essa apresentação deve ser feita dando espaço. Nunca apresente uma pessoa ou outro animal para um cão colocando o rosto com rosto, focinho com focinho. Faça sempre de lado e com muito espaço. Pois, essa interação de frente, cara a cara, é uma posição muito afrontosa para eles e pode dar muito errado, como quando um cão morde o rosto de uma criança e acontece uma tragédia. Pode dar certo uma vez ou outra, mas acredite, pode dar muito errado!

Nunca deixa um animal perto de um bebê
Não é seguro deixar nenhum cão perto de um bebê sem supervisão e, mesmo com supervisão, nunca deixe o acesso livre. Claro que existem muitos cães que amam crianças, mas não é recomendada a aproximação de livre acesso, pois, antes, o cão precisa aprender a respeitar o espaço do bebê. Quando falamos em espaço, estar próximo já é uma invasão de espaço para o animal. O animal precisa, primeiro, simplesmente existir na presença do bebê. Ele pode estar no mesmo ambiente, mas sem interação. Conforme a criança for crescendo, ela também vai precisar aprender a respeitar o espaço desse cachorro e entender que existe um limite. Para as coisas darem certo, é preciso, antes, coexistir. Se haverá interação, depende do cachorro. Se o cão é mais reservado, não deve existir uma interação de correr, puxar, apertar e morder. A criança pode, por outro lado, aprender a conduzir o cão com a guia ou dar a comida. Com isso, o cão vai entender o respeito que ele deve ter por aquela pessoa, independentemente da idade dela. E isso tudo é construído.