• Amanda Oliveira, do home office
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Criança doente na cama (Foto: Thinkstock)

O número de infecções cresceu 58,9% no Paraná (Foto: Thinkstock)

O estado do Paraná sofreu um aumento expressivo de crianças infectadas com a covid-19. Em julho, foram 1.640 casos confirmados (848 meninos e 792 menina) e um óbito, segundo dados da Secretaria da Saúde do estado. O número de infecções cresceu 58,9%, em relação ao mês anterior, em que foram registrados 1.032 casos. Sendo assim, em julho o número de crianças diagnosticadas com coronavírus foi maior do que nos quatros meses anteriores juntos.

De acordo com a Secretaria da Saúde, o aumento no número de casos pode estar relacionado com à quebra do isolamento por parte de familiares, visto que as aulas escolares presenciais estão suspensas. “O índice de isolamento domiciliar no estado está abaixo do necessário, então pode ser que nesta quebra de isolamento e com mais pessoas circulando, os familiares possam de certa forma, estar levando este vírus para dentro de casa e infectando as crianças”, afirma Beto Preto, secretário de Estado da Saúde. Além disso, ele também diz que o aumento das testagens também pode ter influenciado no pico de casos no mês anterior. 

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Desde março, o estado do Paraná já registrou 2.908 casos e dois óbitos em crianças menores de 12 anos. Confira os dados por mês:  

CASOS E ÓBITOS POR MÊS:

MARÇO – 5 casos (4 meninos e 1 menina) 

ABRIL – 42 casos (24 meninos e 18 meninas) 

MAIO – 189 casos (102 meninos e 87 meninas) / 1 óbito (menino)

JUNHO – 1.032 (603 meninos e 429 meninas) 

JULHO – 1.640 (848 meninos e 792 meninas) / 1 óbito (menina) 

Victor Horácio de Souza Costa Júnior, vice-diretor é infectopediatra do Hospital Pequeno Príncipe, no Paraná, ressaltou que nas últimas três semanas, o hospital percebeu um aumento de crianças infectadas. Antes, as crianças que ficavam internadas, geralmente, tinham alguma comorbidade, como doença cardíaca, neurológica ou obesidade, mas agora, o médico diz que há um crescimento de pacientes saudáveis, que estão se infectando em casa e desenvolvendo quadros graves. 

"Um dos motivos pode estar associado ao relaxamento de algumas medidas de controle, como manter os ambientes arejados e higienização das mãos", explica o infectopediatra. Além disso, ele alerta que com o afrouxamento do isolamento e abertura dos comércios, os pais estão saindo mais de casa e aumentando o risco de contaminação. 

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No hospital Pequeno Príncipe, foram confirmados 52 casos de crianças diagnosticadas com a covid-19. Dessas, oito ficaram na UTI — Unidade de terapia intensiva — e 11 na enfermaria. Dois pacientes foram diagnosticados com a síndrome inflamatória multissistêmica, doença infantil, que pode estar associada ao coronavírus. "As crianças que estão internando são casos graves. Elas desenvolvem uma síndrome de insuficiência respiratória ou podem ter uma síndrome inflamatória multissistêmica, em que não é só o pulmão que será afetado, mas também órgãos como o coração e o rim", explica o médico. 

Atualmente, 33 crianças estão internadas em leitos exclusivos pediátricos no estado, segundo informações da Regulação de Leitos do Paraná. A Secretaria de Saúde do Estado afirma que observou o aumento de taxa de ocupações de UTIs pediátricas. Por isso, recomenda à população que mantenham o isolamento familiar e distanciamento familiar. O órgão também reforça que os pais devem estar atentos à saúde dos filhos para evitar internações.

Para Victor, os pais precisam ter consciência que este é um momento crítico. "Não temos vacina e nem remédio. Temos que continuar higienizando as mãos e manter o isolamento. Não é época para fazer festinhas. As pessoas precisam ter bom senso". Outro alerta do infectopediatra é quanto à automedicação. Ele enfatiza que se a criança tiver um quadro de febre e não demonstrar melhora, o recomendado é consultar um pediatra e não fazer uso de medicamentos sem orientação médica.