• Nathália Armendro
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Você já ouviu falar em fisioterapia pélvica? O acompanhamento, que busca fortalecer o assoalho pélvico, pode ser indicado em diversas fases da vida da mulher, além da gestação, para prevenir e tratar incontinência urinária, por exemplo, ou durante a menopausa. No entanto, apesar de versátil e democrática, são as gestantes as que mais buscam a ferramenta, que atua como uma forma de “preparo” do corpo para o parto.

Cuidados com a região do períneo são importantes em várias fases da vida da mulher, e para qualquer tipo de parto escolhido, no caso de gestantes (Foto: Pexels)

Cuidados com a região do períneo são importantes em várias fases da vida da mulher, e para qualquer tipo de parto escolhido, no caso de gestantes (Foto: Pexels)

Para as futuras mães, a fisioterapia pélvica previne e diminui desconfortos musculares (como cãibras), melhora inchaços, além de preparar a musculatura do assoalho pélvico durante a gestação, de acordo com Pamella Ramona, fisioterapeuta pélvica do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre.

As sessões possibilitam também o treinamento de posições que favorecem o encaixe e a descida do bebê, além da diminuição do tempo na fase ativa do trabalho de parto, bem como um melhor preparo muscular, que contribui para uma recuperação mais rápida e eficiente no pós-parto, explicou a especialista.

Outro fator muito importante oferecido pela técnica é a consciência corporal. “O importante é essa mulher estar em movimento, descobrindo o que a faz feliz”, acrescentou Kirstin von Koss Wildeisen, fisioterapeuta e doula de parto.

Só deve fazer fisioterapia pélvica quem quer parto normal?

Não! Os benefícios são válidos para qualquer tipo de parto. “Toda mulher precisa saber que seu corpo não sabe o que é uma cesárea. E que todo processo fisiológico proveniente da gestação, de sobrecarga mecânica e funcional que uma mulher que quer parto vaginal passa, aquela que optar por uma cesariana também passará”, completou Pamella. Em caso de parto normal, a técnica traz um benefício adicional: a diminuição do risco de laceração e da necessidade de episiotomia (corte feito com bisturi no períneo).

Há contraindicações?

Em casos específicos, como quando há necessidade de repouso absoluto, a fisioterapia pélvica pode não ser indicada. Por isso, é importante que a mãe busque antes a orientação de seu obstetra. Mas assim que tiver aprovação do médico, a gestante já pode começar a frequentar as sessões, de acordo com Kirstin. “Quanto antes se der o início, melhor. Maiores os benefícios”, explicou.

Exercícios que favoreçam a movimentação da pelve são parte do preparo com fisioterapia na gestação (Foto: Pexels)

Exercícios que favoreçam a movimentação da pelve são parte do preparo com fisioterapia na gestação (Foto: Pexels)

Como são as sessões?

A prescrição de exercícios é individual e varia conforme a avaliação das necessidades e tempo de gestação de cada paciente. “Em geral, exercícios livres, com o mínimo de impacto e que promovam movimentos da pelve, ajudam em todos os processos adaptativos da gestação, parto e recuperação no pós-parto”, contou Pamella. 

A partir da 33ª semana de gestação, o fisioterapeuta pode, ainda, utilizar um aparelho chamado Epi-No, que funciona como um “balão”. Ele é colocado vazio na vagina e vai enchendo aos poucos, a fim de imitar a expulsão do bebê e "treinar" o períneo. A ideia é que a mulher o expulse, simulando o parto. “O Epi-No traz benefícios de consciência corporal, fortalecimento da musculatura da região perineal, alongamento de forma gradativa e respeitosa e treino de respiração e relaxamento. Mas é essencial que seja sempre usado sob auxílio de um fisioterapeuta”, orientou Kirstin.

Quando não utilizado de forma adequada, o Epi-No pode trazer riscos à saúde. “O uso incorreto pode ocasionar lesões no períneo, como lacerações e lesões de estruturas importantes no controle da continência urinária e fecal. Por isso, a sua utilização sempre deve ser realizada sob o olhar e orientação de um profissional. E na dúvida, é melhor não usar”, ressaltou Pamella.

Quais exercícios podem ser feitos no pós-parto?

Exercícios respiratórios podem ser iniciados já nos primeiros dias do puerpério, com o intuito de ativar a musculatura abdominal e readequação da postura, orientou Pamella. Para exercícios voltados ao assoalho pélvico, no entanto, a mãe deve antes passar por uma avaliação do fisioterapeuta. “O senso comum, de que é necessário sempre fortalecer o períneo, não é verdadeiro e merece cuidado. Mulheres que se queixam de dores na região perineal precisam de tratamento diferenciado”, reforçou a fisioterapeuta.

“Os exercícios no pós-parto são muito benéficos, mas devem ser ensinados por um profissional da área após liberação médica e avaliando caso a caso, dependendo do tipo de parto que a puérpera vivenciou”, completou Kirstin.

Massagem perineal pode ajudar na preparação do assoalho pélvico para o parto (Foto: Crescer)

Massagem perineal pode ajudar na preparação do assoalho pélvico para o parto (Foto: Crescer)

Automassagem no períneo: como fazer

Alguns exercícios de fisioterapia pélvica podem ser feitos em casa, pela própria gestante. Pamella Ramona deu uma dica de exercício, que pode ser praticado a partir da 32ª semana de gestação, entre duas a quatro vezes por semana, por cerca de 5 a 10 minutos. Mas atenção! Caso sinta dificuldade ou dor, não hesite em procurar orientação de um especialista.

Para começar, prepare o ambiente!

- Encontre um lugar confortável e, caso não consiga sozinha, conte com o(a) parceiro(a);

- Lave as mãos e cuidado com unhas muito compridas para não se machucar;

- Caso tenha dificuldade, tente ver seu períneo com a ajuda de um espelho, note como ele é;

- Pode usar compressas mornas no períneo antes da massagem, isso irá ajudá-la a relaxar.

Praticando:

- Lubrifique os polegares e o períneo. Uma sugestão é usar o óleo de coco;

- Coloque seus polegares um pouco dentro de sua vagina, empurre-os para baixo e deslize para os lados. Sinta um leve alongamento, mas nada que seja dolorido;

- Depois, insira o polegar completamente na vagina e estique o tecido em direção ao ânus.

“Lembre-se: a massagem sozinha não vai proteger seu períneo, mas ela faz parte de uma boa preparação. Se não tiver a certeza de como fazer, peça ajuda de um especialista”, ressaltou a fisioterapeuta.

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