• Giuliana Cury
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Quando uma amiga grávida diz que está com essa dúvida, a maioria de nós pensa: “Ai, que bobagem. Claro que pode!”. Até que… a gente fica grávida. E aí a incerteza volta com tudo. Afinal, é seguro pintar o cabelo durante a gestação? A resposta é: depende de quando você tingir e de que produto for usar.

Grávida dormindo  (Foto: Getty Images)

Grávida dormindo (Foto: Getty Images)

“Não recomendo pintar o cabelo durante a gravidez. A tinta pode conter substâncias que são teratogênicas [tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez]. E não há estudos quanto a segurança em grávidas. Então, para mim, não vale o risco”, diz o dermatologista Daniel Cassiano, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. É uma versão do velho e bom: na dúvida, não ultrapasse.

Alguns especialistas, entretanto, liberam a coloração a partir do segundo trimestre de gestação. Mas, mesmo assim, seguindo algumas premissas, como usar produtos livres de amônia, parabeno, propilenoglicol, formol e metais pesados.

O mesmo período de liberação — após primeiro trimestre —, vale para quem quer fazer luzes ou mechas. “E, de novo, só é permitido se usar produ-tos que não tenham os ativos mencionados, como a amônia”, reforça Roberta Gomes, tricologista e idealizadora do Hair Concept by Roberta Gomes, conceito de personalização de produtos e tratamentos para a saúde do couro cabeludo.

Quanto ao uso de henna como opção para colorir os fios, é preciso atenção redobrada para ter certeza de que está usando um produto 100% natural (normalmente ele é em um tom amarronzado). É bastante comum en-contrar henna misturada com substâncias que podem ser tóxicas, como o chumbo.

Pintar o cabelo pode prejudicar o feto?

Toda essa preocupação não é à toa. Muitas substâncias químicas usadas nas colorações, sobretudo nas definitivas, são muito fortes — afinal precisam proporcionar um efeito duradouro. E, muitas delas, acabam tendo potencial de serem absorvidas pelo couro cabeludo e, então, atingir a corrente sanguínea. O problema é que, uma vez que esses ativos entram no sangue, podem acabar atravessando a placenta, atingindo o feto. Dependendo da substância, há chances de provocar alterações no desenvolvimento do bebê.

Você deve ter percebido que usamos palavras como “podem”, “há chances” para explicar os efeitos das substâncias. É que, apesar do que diz a teoria e dos estudos em laboratório, não existem comprovações científicas in vivo desses danos. E não se trata de descaso da comunidade científica, não. É que pesquisas ou estudos envolvendo bebês e grávidas, na maioria das vezes, não são permitidas pelo conselho de ética médica. Seria colocar mãe e filho em situação de risco propositalmente. Por isso, segue-se a recomendação de não pintar o cabelo baseada em evidências e acompanhamento de casos. Ao menos, por enquanto.