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Barbara Higgins segura seu filho recém-nascido Jack após dar à luz aos 57 (Foto: Reprodução: Today/Barbara Higgins / NBC Boston)

Barbara Higgins segura seu filho recém-nascido Jack após dar à luz aos 57 (Reprodução: Today/Barbara Higgins / NBC Boston)

Após dar à luz com 57 anos, uma mãe, de New Hampshire (EUA), se tornou uma das mulheres mais velhas do país a dar à luz. Barbara Higgins escondeu sua gravidez da família até as 20 semanas de gestação e disse que todas as pessoas ficavam muito surpresas quando recebiam a notícia de sua gravidez. "Ficavam sem expressão, olhando para mim", disse a mulher ao TODAY

Barbara deu à luz pequeno Jack no dia 20 de março. "A coisa toda foi um pouco surreal, honestamente", disse a mãe. No entanto, segundo ela, ter um bebê com quase 60 anos não a deixa tão apreensiva. "Não tenho expectativas tão grandes. Não estou preocupada com julgamentos e fatores externos. Somos apenas nós e Jack e nossa vida cotidiana. Até agora, tudo bem", relata. 

A vontade de ter o segundo filho veio depois que a família passou por um momento muito difícil. A filha do casal, Molly, morreu repentinamente aos 13 anos em 2016 após complicações de um tumor cerebral. Depois da morte da pequena Molly, Barbara começou a ter sonhos que tinha um outro bebê. “Tudo começou logo após a morte de minha filha, então minha reação imediata foi pensar que estava perdendo a cabeça. Estou triste, traumatizada e tudo mais”, disse ela. "Mas o sonho era bastante consistente, e era apenas sobre o processo de ter um bebê, que eu deveria fazer isso, e às vezes a voz no meu sonho me chamava de 'mamãe', outras vezes a voz no meu sonho me chamava de Barbara", relata. 

Foi então que ela e o marido Kenny Banzhoff começaram a pensar em ter um segundo filho. Barbara conta que conseguiu engravidar por meio da fertilização in vitro e que não teve muita dificuldade no processo, mesmo tendo mais de 50 anos. Durante a gestação, a mãe seguiu sua rotina de exercício físico e fazia um criterioso acompanhamento médico. 

O casal relatou que muitas vezes foi questionado sobre a decisão de ter mais um filho. "Você está falando sério? Você está dizendo a verdade?" Kenny disse sobre as perguntas que escutou. Porém, eles tentam pensar apenas na vida que tem com o recém-nascido, sem se importar com a opinião alheia. "Por que Jack não deveria estar vivo, só porque eu sou mais velha?", disse Barbara. 

Gravidez depois dos 40

Apesar de as condições de saúde da população, de uma maneira geral, terem melhorado, as chances de engravidar continuam diminuindo com a idade. Depois dos 40, elas caem drasticamente. “O corpo da mulher prioriza os óvulos em melhores condições de fecundação e desenvolvimento, que são utilizados na juventude. A probabilidade de erros na divisão celular do embrião também aumenta com a idade”, explica o obstetra Eduardo Motta, do Centro de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana.

Tratamentos 

Os avanços da medicina tentam contornar a diminuição da fertilidade feminina. Tratamentos com hormônios estimulam a ovulação, espermatozoides podem ser inseridos diretamente no útero por meio de inseminação artificial e a técnica de fecundação in vitro (FIV), em que o encontro no óvulo com o espermatozoide é feita em laboratório, garante que a concepção aconteça. “O tratamento mais comum é a FIV com óvulos próprios, que tem chances de sucesso em torno de 20%. Quando os óvulos são de uma doadora mais jovem, essas chances podem chegar a 60%”, esclarece o obstetra Maurício Chehin, do grupo Huntington Medicina Reprodutiva. Atualmente, já está disponível um teste genético para detectar alterações no embrião antes que ele seja implantado no útero.

No Brasil o Conselho Federal de Medicina permite, mas não aconselha, tratamentos para engravidar a mulheres acima dos 50 anos. No entanto, é preciso assinar um documento afirmando  estar ciente dos riscos.

Além da diminuição da fertilidade, na gravidez tardia é maior o risco de desenvolvimento de hipertensão, diabetes ou de alguma doença pré-existente da qual a mulher não tenha conhecimento. “A idade e a gestação podem ser consideradas sobrepesos para a saúde da mulher, mas ela só desenvolverá doenças para as quais já tinha predisposição. Uma mulher em boas condições de saúde e com acompanhamento médico pode ter uma gravidez tardia sem intercorrências”, diz Motta.