• Juliana Couto | Edição – Vanessa Lima
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Parto; sala de parto; nascimento (Foto: Shutterstock)

(Foto: Shutterstock)

Além de todos os benefícios, a ocitocina ainda dá uma passagem de ida e volta para um lugar incrível, apelidado carinhosamente por obstetras, enfermeiras e gestantes em grupos de discussão sobre o parto como “Partolândia”. O termo é usado para descrever um espaço de tempo em que a mulher, com o colo do útero já totalmente dilatado, passa para o intenso momento da expulsão, em que começa a sentir vontade de fazer força, chegando ao ápice do trabalho de parto. Algumas falam frases das quais não se lembram depois e outras chegam até a dormir no pequeno intervalo entre as contrações. “É o extremo da natureza da parturiente, desencadeado pelas altas doses de ocitocina que alteram seu estado de consciência”, explica o obstetra Braulio Zorzella. Confira os depoimentos abaixo:

"Eu acreditava ser um estado alterado de consciência que ‘tirava’ a mulher de si e fazia com que ela se distanciasse do que estava acontecendo e, consequentemente, da dor, mas meus sentidos voltaram-se todos para a situação; tanto que as lembranças mais intensas que tenho são de sensações corporais. Não a dor, em si (a natureza é muito sábia), mas minhas mudanças posturais, os cheiros que permearam todas as fases, a temperatura (era um dia extremamente quente)... Ir para a ‘partolândia’ foi mergulhar em mim mesma e ignorar o mundo externo – tenho vagas lembranças de interações com quem me acompanhou – para viver intensamente esse processo desafiador e transformador que é parir."
Flávia Luz de Moraes Freitas, 28, pedagoga e mãe de Micaella, 3 meses

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"Você não sabe se passaram segundos, minutos ou horas. Perde a noção do tempo. Não sei se eu simplesmente dormia ou se me desconectava de tudo. Meu marido disse que eu ficava na banheira, mexendo na água, com o olhar fixo e distante. Naquele momento, eu achei que fosse surtar, xingar – e meu marido também esperava por isso. Mas fiquei o tempo todo brincando e fazendo piadas."
Thayani Cruz Nannini Gomes, 31, mãe de Julia, 4 anos, e Rodrigo, 3 meses

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Eu fiquei doidona! Chutei meu marido, porque ele estava tentando tirar uma selfie. Se ele estivesse mais perto, eu teria dado um soco, com certeza. Eu sentia muita dor e gritava pelo anestesista, xingando. Na terceira vez que falei palavrão, meu marido pediu para eu parar e aí sobrou ainda mais para ele. Fiquei louca, daquelas escandalosas, coisa que nunca fui. Dizia que ia morrer, estava transtornada.
Lilian Shimabuko, mãe de Theodoro, 6 anos

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