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casal grávido; pai e mãe; grávida; família (Foto: Shutterstock)

casal grávido; pai e mãe; grávida; família (Foto: Shutterstock)

Todos os esforços para incluir desde sempre o futuro pai no desenvolvimento do filho que ainda não nasceu são louváveis e importantes, mas é preciso uma ressalva em relação ao que se espera desse homem. Por mais que a mulher tome todo o cuidado para envolver seu companheiro na gestação, nem sempre é certeza de que ele vai se conectar com a situação da maneira como a futura mãe esperava, e isso não quer dizer que ele não esteja feliz com a chegada do filho. Foi o que aconteceu na gravidez da consultora de projeto Daniela Lins Guidi, 41, mãe de Marina, 3. Embora o marido tenha participado de cada enquanto aguardavam a filha nascer, ela se ressentia pelo fato de ele não conversar com a bebê e nem gostar de acariciar sua barriga. "Quando ela se mexia e chutava, eu vibrava. Mas meu marido parecia não sentir nada, não tinha nenhuma reação", conta. O assessor de imprensa Luís Guidi, 43, explica que, embora estivesse feliz da vida com a bebê que estava para chegar, não conseguia interagir com algo tão abstrato. "Ela falava 'amor, coloca a mão aqui na minha barriga'. Eu colocava porque sabia que minha filha estava ali, mas era tudo muito subjetivo. E eu não conseguia sentir afeto por uma barriga", confessa. O amor só chegou, e para valer, quando ele pegou Marina, 3, no colo, ainda na sala de parto. "Naquele momento minha "ficha" caiu. Aí eu virei pai", conta, emocionado.

Por isso, fica a dica: baixe suas expectativas e se o seu companheiro não está conseguindo "entrar" no papel de pai não adianta fazer pressão, como afirma a psicanalista Thaís Garrafa. “O ideal é que as mulheres abram espaço para que eles possam falar de suas inseguranças e dificuldades, sem cobranças. Eles têm pouco amparo com as angústias que vêm à tona com a experiência da paternidade. E, muitas vezes, defendem-se ficando mais distantes”, afirma.

No caso do estudante Gustavo Senna, 29, foi a distância que fez com que ele não se conectasse com a gestação da esposa, a arquivista Elayne Ortolan Altoé, 29. Como fazia faculdade em outro estado quando engravidaram de Lara, hoje com 2 anos e 5 meses, Elayne passou toda a gravidez praticamente sozinha. “Eu dizia a ele: eu tenho hormônios que me ‘programaram’ para amar minha filha, mas, e com você? Como é que vai ser? ”, conta. A conexão só ocorreu muito tempo depois, quando o casal e a bebê, já nascida, conseguiram finalmente morar debaixo do mesmo teto. “O cheirinho do cabelinho da nossa bebê fez com que eu finalmente me apaixonasse por ela”, lembra ele.

E tem mais: se a ligação entre pai e filho não ocorrer automaticamente na gestação, assim que o bebê nasce, os hormônios dão uma “força” para a dupla. Pesquisadores da Universidade de Bar-Ilan (Israel) analisaram amostras de sangue de 43 homens nos seis meses depois do nascimento dos seus filhos e descobriram que aqueles que estavam mais conectados com os filhos tinham altas doses de ocitocina no sangue, o chamado "hormônio do amor”. A ocitocina, também encontrada em altas doses na mulher durante o pós-parto e na amamentação, é um hormônio produzido na região do cérebro conhecida como hipotálamo e, entre suas várias funções, ajuda a estreitar o vínculo afetivo entre filhos e pais. Quanto mais contato físico, beijos, abraços e carinho entre ambos, mais ocitocina o corpo produz. E quanto mais hormônio, mais conexão - um verdadeiro círculo vicioso do amor. “A ocitocina aumenta em situação de forte emoção e produz uma sensação de bem-estar”, explica o endocrinologista clínico João Aguiar (SP).

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