• Adriana Toledo
Atualizado em
Grávida; gravidez; exercício físico (Foto: Thinkstock)

Promover a atualização de profissionais de saúde envolvidos com o movimento de assistência humanizada ao parto no Brasil, visando reverter os alarmantes índices de cesárea, que já ultrapassam 50%. Esse é o objetivo do I Simpósio Internacional de Assistência ao Parto: Ciência, Cuidado e Tecnologia, que acontece entre os dias 1 e 4 de maio, em São Paulo. CRESCER foi acompanhar a abertura do evento e revela os destaques, em primeira mão. Confira:

Além do aspecto físico

Verificar a posição do bebê, realizar um exame de toque e checar as condições de dilatação. O critério básico para estabelecer a via de nascimento está longe de ser suficiente para descartar um parto normal. Foi com base nesta premissa que a mexicana Naoli Vinaver, uma das maiores referências mundiais em parteria, introduziu a palestra Outro olhar sobre a fisiologia do parto. Ilustrando mais de 20 anos de experiência com casos reais, Naoli ressalta a importância de se olhar para a alma da mulher, identificando eventuais bloqueios ou inseguranças que a impeçam de se abrir, literalmente, para entregar o bebê ao mundo.

“Um casal-- ele mexicano, ela americana-- caminhava no jardim da minha casa. Já haviam transcorrido dois dias e duas noites de trabalho de parto e nada de o bebê nascer. Chamei-a para conversar e perguntei ‘O que está travando você?’. ‘Tem coisas que me atrapalham’, ela respondeu, sem concordar em revelar o teor de suas aflições. Propus que fosse ao jardim e pegasse um galho para cada preocupação, explicando que o intuito não era resolver um por um dos dilemas, mas, sim, trabalhá-los para que não prejudicassem o nascimento da criança. Com muita dedicação, ela recolheu cerca de 20 galhos. Pedi que refletisse sobre eles e não deixasse que interferissem em seu emocional, naquele momento. Em seguida, preparamos uma fogueira. Dali em diante, ela se declarou pronta para dar à luz e tudo correu perfeitamente”, relata Naoli.

Este foi um entre os inúmeros casos descritos pela parteira para reforçar sua tese de que lidar com conflitos emocionais -- que vão desde uma crise conjugal, passando por uma gravidez indesejada até histórico de abuso sexual -- é determinante para o sucesso do trabalho de parto natural, concluindo que, infelizmente, o ambiente hospitalar nem sempre é o mais adequado para que a mulher se conecte consigo mesma, transponha obstáculos e colabore para que o próprio corpo faça a sua parte.

Manobra inusitada

Os participantes do simpósio lotaram o salão principal para assistir à apresentação do professor de obstetrícia e perinatologia Frank Lowen, chefe da Divisão de Obstetrícia e Medicina Feto-materna da Universidade de Frankfurt, na Alemanha. O interesse massivo tem justificativa: a curiosidade em conhecer uma técnica promissora, desenvolvida pelo alemão, em que ele assiste a nascimentos pélvicos com a mãe em posição vertical, de joelhos, ou em quatro apoios. Para argumentar a favor do método revolucionário, Lowen mostrou à plateia uma série de vídeos, esclarecendo que a posição requer menor número de intervenções por parte da equipe médica, o que diminui os riscos inerentes a eventuais equívocos ou falta de experiência profissional. Segundo ele, esse tipo de parto permite que o bebê vire espontaneamente, favorecendo a liberação de braços e pescoço. Sem contar que resultaria em um melhor desempenho no teste de Apgar—exame que avalia a vitalidade do bebê. Atualmente, a técnica está em fase de compilação de dados e fundamentação de benefícios.
 

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