• Mayra Stachuk
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Grávida pode pintar o cabelo? (Foto: Crescer)

Não há dúvida de que a gravidez é um momento lindo, cercado de sonhos e expectativas. Também é uma fase delicada para muitas mulheres, por conta das imensas transformações que acontecem no corpo. Apesar das restrições, existem diversas formas de cuidar da beleza durante os nove meses sem comprometer a saúde do bebê. A seguir, entenda por que alguns tratamentos devem ser abolidos na gestação (e durante a amamentação) e os caminhos alternativos a eles. Só lembre-se de conversar como seu obstetra antes!

Desenho de mulher com cremes (Foto: Naíma Saleh)

Cremes com ácidos

Por que não pode: Extremamente químicos e altamente absorvidos pela pele, os ácidos, principalmente o salicílico, retinoico e seus derivados, são os mais perigosos. Não há estudos específicos sobre como agem negativamente, mas, como entram em contato com o tecido dérmico e caem na corrente sanguínea, eles certamente chegam até a placenta. Em maior ou menor concentração, podem afetar a formação do feto.

Alternativa: Por ser mais suave e ter pouca absorção, o ácido azelaico é o único liberado na gestação (a partir do quarto mês). Cremes formulados com até 10% de ácido glicólico também são seguros. Ambos ajudam no controle da oleosidade e no tratamento da acne e podem ser usados como clareadores de manchas.

Peeling


Por que não pode: Como são feitos com ácidos em alta concentração para provocar a descamação da derme, é ainda mais contraindicado do que os cremes, pelos mesmos motivos citados acima.

Alternativa: O único peeling indicado para grávidas é o de cristal. Também chamado de microdermoabrasão, ele é físico, ou seja, não tem química. Funciona com uma ponteira de cristal, que faz a esfoliação da camada mais externa da derme. É mais superficial que os peelings de ácido, mas é seguro e eficiente para tratar manchas, rugas e estrias.

Limpeza de pele


Por que não pode: A limpeza em si não é contraindicada para gestantes, mas é preciso tomar cuidado com a forma como é feita. Os cremes e sabonetes à base de ácidos, por exemplo, não podem ser usados. O aparelho de alta frequência, normalmente utilizado pelo efeito cicatrizante e bactericida, também é proibido.

Alternativa: Trocar todos os produtos que contenham química pelos com ingredientes naturais, como sabonete de chá verde e tônico de aloe vera. No lugar dos aparelhos de eletroterapia entram a máscaras de argila ou de carvão ativado, 100% seguras e orgânicas. Essa segunda opção é relativamente nova como tratamento estético e muito indicada pela ação descongestionante, cicatrizante e anti-inflamatória.

Desenho de mulher na massagem  (Foto: Naíma Saleh)

Massagens e afins


Por que não pode: Quem estiver fazendo qualquer tipo de tratamento estético com aparelhos deve suspender imediatamente. Muitos funcionam com radiofrequência, que é 40 vezes mais forte que os raios X e arriscada para a formação do bebê. Além disso, aquecem a região aplicada, o que pode causar vasodilatação e aumentar a pressão arterial. Os que funcionam com estímulos elétricos também não são seguros, já que são capazes de provocar contrações uterinas e, consequentemente, levar a um parto prematuro. Ficam vetadas ainda as massagens modeladoras e as feitas com muita pressão, além dos cremes de tratamento à base de cafeína, por serem termogênicos, ou seja, aceleram o metabolismo e também podem elevar a pressão.

Alternativa: A drenagem linfática não só está liberada como é uma grande aliada, já que estimula a circulação, ajuda a reduzir a retenção de líquidos e diminui os inchaços. Massagens relaxantes também podem aliviar dores nas costas. Ambas devem ser feitas apenas com hidratantes e, de preferência, naturais, com movimentos suaves. O tratamento deve ser feito após a 12ª semana de gestação e nunca na região da barriga.

Depilação


Por que não pode: Cremes depilatórios e descolorantes contêm muitas substâncias químicas e, como são aplicados em uma grande área do corpo, têm maior absorção. Assim como os ácidos, podem chegar à placenta. Os métodos a laser, a rigor, não apresentam risco ao feto, desde que a luz não seja usada na barriga ou próxima a ela, como na virilha, porém há risco de provocar machas na pele.

Alternativa: Ninguém acha que a grávida precisa retroceder a tempos medievais e ficar peluda, claro! Então, depilação com cera e lâminas estão liberadas sem restrição.

Tratamentos dentários


Por que não pode: O uso de anestesia no tratamento odontológico de grávidas é controverso. Embora não sejam feitos estudos e testes em gestantes, por serem vasoconstritores, os anestésicos locais podem causar o fechamento das artérias e comprometer a circulação sanguínea na placenta. As radiografias devem ser evitadas nos primeiros três meses e, mesmo depois, feitas apenas em último caso e com a proteção de coletes de chumbo que cubram toda a barriga, já que a radiação pode causar comprometimento do feto. Procedimento estético, como o clareamento dental, está vetado, já que é um processo feito com produtos químicos ou lasers e não há comprovações sobre os riscos.

Alternativa: Se não puder evitar, o ideal é que o dentista use doses mínimas de anestésico e opte por aqueles sem vasoconstritores. A prevenção é sempre a melhor medida. Por isso, para evitar a gengivite, que afeta pelo menos 30% das gestantes, e as cáries, que, em geral, surgem em decorrência dos vômitos frequentes e da maior ingestão de açúcar, intensifique os cuidados de higiene bucal e consulte um especialista com mais frequência.

Desenho de mulher pintando o cabelo (Foto: Naíma Saleh)

Tintura de cabelo

Por que não pode: Esse é um dos tópicos mais polêmicos entre os especialistas: alguns arriscam afirmar que não faz mal, mas a maioria garante que o melhor é evitar. O principal risco está em algumas substâncias na composição das tinturas, como chumbo, anelina e amônia. Elas são altamente tóxicas e, em contato com o couro cabeludo, são absorvidas, chegam à corrente sanguínea e, consequentemente, à placenta, colocando em risco o desenvolvimento do bebê.

Alternativa: A solução, se os fios brancos incomodam demais, é dar preferência para os xampus tonalizantes, que são mais suaves na química e, em geral, não têm as substâncias citadas acima. A recomendação é sempre ler com atenção os rótulos e conversar com o médico antes de usar. Os reflexos e luzes estão liberados, desde que feitos com o cuidado de não deixar o produto entrar em contato com o couro cabeludo. Para isso, o melhor é usar toucas ou aplicá-lo com um dedo de distância da raiz. Tudo isso, claro, só a partir do terceiro mês.

Alisamento


Por que não pode: Todos os alisamentos são químicos e altamente tóxicos, portanto, proibidos durante a gestação – inclusive aqueles que se dizem sem formol. Mesmo que o produto não entre em contato com o couro cabeludo, o processo libera vapor forte que, inalado, pode chegar à corrente sanguínea.

Alternativa: Quem está acostumada com fios lisos deve investir em tratamentos hidratantes, como cauterização e botox capilar, que selam a cutícula dos cabelos e deixam o aspecto mais liso, mas são livres de substâncias tóxicas.

Fontes: Claudia Diaz, ginecologista e obstetra da Clínica Perinatal do programa Boas Vindas, do canal GNT; Clara Albuquerque, dermatologista; Flávia Ravelli, dermatologista da Maternidade Pro Matre Paulista; Alberto D’Auria, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP); Christina Brunetti, dentista e colaboradora do serviço público de pré-natal da Unifesp e Vânia Oliveira Monticelli, esteticista.